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A era de ouro da pornochanchada

Cenas de nu e diálogos chulos marcaram a produção cinematográfica dos anos 1970 e também atraíam milhares de espectadores aos cinemas

Por Rodrigo Levino
15 jan 2011, 09h08

Uma onda de filmes que tenha o sexo como tema principal não é novidade na história do cinema brasileiro. Desde os anos 1970, quando o gênero que ficou conhecido como pornochanchada viveu o seu auge levando milhões de espectadores às salas de exibição, o retorno a alcova se tornou cíclico. A letra, de tão escarlate, fincou na testa do cinema brasileiro por muito tempo a pecha de um simples amontoado de palavrões e cenas de nudez.

A partir de 1995, com a retomada, o drama e a violência urbana deram o tom nas produções nacionais, relegando à pornochanchada dois extremos: a adoração cult e o esquecimento.

Ainda assim e guardadas as devidas proporções – de roupa, inclusive — produções como De Pernas Pro Ar e Muita Calma Nessa Hora, alicerçadas em falas de duplo sentido e sugestão de sexo entre os personagens, são filhotes da mistura de musical, comédia italiana, humor circense e pornografia leve. Filmes que revelaram atuais musas e galãs de telenovelas, insuspeitos para a geração nascida após os anos 1980, como Vera Fischer, Sonia Braga e Antonio Fagundes.

Até o começo dos anos 1960, o humor popularesco e sem malícia imperava nos filmes brasileiros. O aporte do sexo na cinematografia nacional passou pela mistura de musical e comédia carnavalesca da produtora Atlântida, nos anos 1950, que entre as estrelas expunha o ator Oscarito e o diretor Anselmo Duarte, vencedor da Palma de Cannes com o filme O Pagador de Promessas, em 1962.

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Sob a égide do regime militar, a Embrafilme, a estatal responsável pelo fomento ao cinema nacional, tornou obrigatória a cota de filmes nativos nas salas de exibição. A porteira se abriu e os pulgueiros se espalharam.

Em pouco tempo, uma leva de produtoras independentes baseada principalmente em São Paulo, começou a recrutar atores profissionais e amadores para protagonizar filmes sem roteiros definidos, repletos de personagens caricatos como criminosos e tórridos amantes, que incrementavam com erotismo a tradicional chanchada.

Títulos como Os Imorais, Histórias Que Nossas Babás Não Contavam e a Dama do Lotação, adaptação baseada no texto homônimo de Nelson Rodrigues, investiam com força nas cenas de nu e nos diálogos chulos.

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A coisa perdeu o rumo quando a cota para filmes nacionais deixou de ser obrigatória. Dezenas de profissionais viram suas produtoras falir e demitiram a rodo. Até que o cinema nacional ressurgisse com pompa e indicações ao Oscar em meados dos anos 1990, a pornochanchada alimentou as fantasias de adolescentes tardios com suas piadas de baixo calão e divas voluptuosas.

E estende seus ecos na nova leva de filmes, ainda que agora sob a forma de sexo verbal e envernizadas por estrelas de TV. Algumas coisas são muito semelhantes, como os roteiros sem rumo e cheios de anedotas de duplo sentido. E, como nos anos 1970, eles também levam milhões de espectadores aos cinemas.

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