100 anos de Malcolm X: Chega ao Brasil livro com falas inéditas do ativista
Editora brasileira reuniu declarações públicas do ativista no último ano de sua vida, antes de ser assassinado por membros da Nação do Islã

Em comemoração aos 100 anos do nascimento de Malcolm X nesta segunda-feira, 19, a Ubu Editora lança Custe o Que Custar, uma coletânea de discursos, entrevistas e declarações proferidas pelo ativista em 1964, último ano de sua vida, em comícios no Harlem, debates universitários, fóruns militantes e encontros com revolucionários africanos e asiáticos.
O ano de 1964 foi agitado para Malcolm: ele rompeu com a Nação do Islã, movimento nacionalista islâmico e negro de Detroit, fundou uma organização política própria — a Organização da Unidade Afro-Americana — e viajou ao Oriente Médio, se reconectando com sua fé muçulmana e ganhando novas perspectivas sobre política e raça, agora já livre das crenças dogmáticas impostas por Elijah Muhammad, líder da Nação do Islã, para quem Malcolm tinha trabalhado como porta-voz.
Senti que o movimento [Nação do Islã] estava demorando a agir em muitas áreas. Não se envolvia nas lutas civis, cívicas ou políticas que nosso povo enfrentava. Tudo que fazíamos era destacar a importância da reforma moral – não beba, não fume, não permita a fornicação e o adultério. Quando descobri que os próprios líderes não estavam praticando o que pregavam, ficou claro que essa parte do programa estava corrompida.
Malcolm X, em entrevista para a "Young Socialist", disponível na íntegra no lançamento da Ubu
A Nação do Islã, organização que o acolheu após sua prisão e onde aflorou sua visão revolucionária, permitiu a Malcolm participar de comícios em bairros negros e dialogar com os mais marginalizados na sociedade americana — movimento que só se expandiu após sua saída da organização.
Nas entrevistas e falas publicadas em Custe o que custar, Malcolm era perguntado sobre temas mundiais, os quais tinha uma visão bastante crítica e sempre em diálogo com os problemas de sua comunidade, um reflexo da expansão de pensamento e ativismo que teve após deixar a Nação do Islã. O livro mostra que, ainda naquele ano de 1964, Malcolm reavaliou suas visões de que era possível “resumir a solução para os problemas enfrentados por nosso povo como nacionalismo negro” — noção essa que ele tinha poucos meses antes de dar tal declaração.
Com o lançamento de Custe o que custar, o leitor é capaz de viajar para a época de autolibertação de Malcolm e mergulhar também na libertação que promoveu nos espaços que percorreu.
Malcon X morreu em 21 de fevereiro de 1965, aos 39 anos, após ser assassinado por três membros da Nação do Islã com 21 tiros. O ativista se preparava para discursar em um encontro da Organização das Nações Africanas Unidas no Audubon Ballroom, em Nova York, quando um homem da plateia iniciou uma confusão e outros três atiraram contra Malcon no palco.
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