Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Trinta anos depois da morte de Audrey Hepburn, atriz ainda dita moda

O segredo está no avesso da arrogância: a simplicidade transformada em luxo

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 11h05 - Publicado em 2 abr 2023, 08h00

O sol acabara de nascer. Um táxi amarelo avança pela Quinta Avenida de Nova York ao som de Moon River, de Henry Mancini. O carro para e dele sai uma mulher vestida com um pretinho básico assinado por Hubert de Givenchy, um coque a desafiar as leis da gravidade, óculos escuros e joias imaculadamente alvas pousadas na nuca. Ela tira de um saco plástico um croissant, ergue a cabeça e mira com genuína admiração a vitrine da mítica Tiffany & Co. E então os créditos informam, em letras amarelas: Audrey Hepburn em Bonequinha de Luxo, na versão em português, filme inspirado em livro de Truman Capote. São pouco mais de dois minutos — mas com a força de reconstruir o passado e pavimentar o futuro. Audrey já era conhecida, tinha levado o Oscar de melhor atriz em 1954 por sua atuação pelas ruas de Roma, na garupa de Gregory Peck, no engraçadinho A Princesa e o Plebeu. Mas em Bonequinha, dirigido por Blake Edwards, na pele da personagem Holly Golightly, uma acompanhante de luxo que sonha com Hollywood, nascia um mito de sobriedade e austeridade.

INSPIRAÇÃO - O original, à esquerda, dos anos 1950, e a homenagem: espelho da personagem da série Emily em Paris
INSPIRAÇÃO - O original, à esquerda, dos anos 1950, e a homenagem: espelho da personagem da série Emily em Paris (Paramount Pictures/Corbis/Getty Images; Carole Bethuel/Netflix)

Audrey morreu há trinta anos — seu legado, contudo, permanece vivo. Virou sinônimo de elegância que parece não sair de moda. Ao transitar entre a sofisticação da alta-costura e o conforto do prêt-à-porter com seu corpo delicado, sem curvas, traços exóticos e cabelos curtos, a atriz nascida na Bélgica — criada pela mãe e abandonada pelo pai, simpatizante do nazismo — esteve à frente de seu tempo, e ainda hoje soa assim. Beber do estilo de Audrey é acertar na mosca, sem exagero ou estridência.

Ela está nas passarelas de Paris e Milão, em coleções de estilistas como Oscar de la Renta e Valentino — além, é claro, da Givenchy, grife pela qual foi sempre associada, depois de anos de parceria com o primeiríssimo criador da casa. Emily Cooper, personagem fashionista de Lily Collins na série Emily em Paris, sucesso da Netflix, por exemplo, é evidentemente inspirada na figura clássica da atriz, inclusive no modo com o qual desce as escadas, como se teclasse um piano. Meghan Markle, a duquesa de Sussex, que não é boba nem nada, outro dia mesmo apareceu vestida com um corte atrelado a Audrey. A lista de nomes inspirados por ela vai longe: Lady Gaga, Beyoncé, Gwyneth Paltrow, Anne Hathaway etc. Seguem o conselho original da bonequinha — que de bonequinha não tinha nada, firme na condição de estrela global, a um só tempo sofisticada e minimalista, em postura que nunca sai de cena: “Meu visual é fácil de copiar. Basta prender o cabelo, comprar óculos de sol grandes e colocar um vestidinho sem manga”, disse certa vez. Dito assim, parece como brincadeira de criança. Não é.

Continua após a publicidade
LEGADO - Meghan Markle, a duquesa de Sussex (à dir.): glamour discreto que bebe da atriz de origem belga
LEGADO - Meghan Markle, a duquesa de Sussex (à dir.): glamour discreto que bebe da atriz de origem belga (Paramount Pictures; Max Mumby/Indigo/Getty Images)

A simplicidade é uma conquista muitas vezes inalcançável. Dá trabalho, mas vale a pena, sobretudo quando existe um espelho para o qual olhar. “Audrey é a personificação do ideal feminino”, diz Lorenzo Merlino, estilista e professor de moda da Faap, em São Paulo. Não se trata, é sempre bom ressaltar, da celebração da magreza, de uma estética que absurdamente exclui muitas mulheres. A admiração por Audrey é de outra ordem, é o avesso da ostentação. É comportamento que combina com os humores de hoje, embebidos de desconforto com a pandemia, as dores das guerras e a extrema desigualdade social. Um pretinho básico sempre ajuda.

Publicado em VEJA de 5 de abril de 2023, edição nº 2835

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.