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Tendência comum na arte, design e moda, os azulejos estão com tudo

Artistas como Adriana Varejão e Irmãos Campana apostam no padrão, assim como Ricardo van Steen no design e Dior e Versace na moda

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 out 2024, 18h44 - Publicado em 9 out 2024, 17h46

O estilo é antigo – atravessou o oceano junto com colonizadores que passaram pelo Brasil e que, posteriormente, ficaram por aqui. Trata-se da azulejaria – mais especificamente aqueles azulejos tradicionais azuis e brancos, que tiveram seus primeiros painéis vindos da Holanda (de onde os portugueses aprenderam a apreciá-los) e, pouco depois, no final do século 17, encomendados das oficinas de Portugal para decorar as igrejas da Bahia. Agora, estão de volta na arte, na arquitetura, no design e até em coleções de moda. 

Expressão Modernista

Entre as décadas de 1930 e 1940, os azulejos foram parte importante da visualidade da arquitetura modernista brasileira. Candido Portinari (1903 – 1962), por exemplo, teve seus icônicos painéis Conchas e Hipocampos e Estrelas-do-mar e Peixes, feitos para o Palácio Capanema no Rio, em 1941, considerados uma de suas obras mais importantes. Djanira da Motta e Silva (1914 – 1979) foi outra que se destacou com a azulejaria, ao misturá-la a elementos da cultura brasileira, das paisagens ao folclore, em sua obra.

O escultor Athos Bulcão (1918-2008) também é um nome expressivo dessa arte, já que integrava azulejos em espaços públicos e edifícios, inclusive em colaborações com Oscar Niemeyer – o emblemático painel feito em 1988 para o Memorial da América Latina, e que agora pertence à Galeria Herança Cultural.

“O nosso interesse nos azulejos de Athos Bulcão conecta com o seu significado histórico e cultural, assim como a busca de colecionadores por este trabalho. Os azulejos permanecem como estética e influência na arquitetura, nas artes e no mobiliário”, diz Pablo Casas, diretor da galeria.

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Da Tradição à Modernidade

Hoje, os azulejos ainda resistem ao tempo. Não só nas paredes de museus e centros culturais, mas nas ruas, em projetos de arquitetura, em obras de arte e na moda, graças à constante reinvenção de estilistas, arquitetos e designers, que evoluem suas técnicas para refletir novos contextos e visões criativas.

Artistas como os Irmãos Campana, que no ano passado, inauguraram uma belíssima instalação com 1,8 mil azulejos pintados à mão para o prédio da JFL Living, em São Paulo, é um exemplo disso. Adriana Varejão também, tanto que até domingo 13, está com 10 trabalhos de seu acervo e uma vitrine que inclui sua pesquisa sobre os azulejos na Frieze Master, em Londres.

No mobiliário, um desenho de Ricardo van Steen para Mobilia Tempo em um buffet em cerâmica e aço patinado anda chamando a atenção, já que remete diretamente à arquitetura modernista, mas de forma completamente reinventada.  Suas lajotas conversam com o mundo fantástico de Brennand e reinterpretam a técnica da azulejaria.

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“Grandes nomes da arte brasileira trabalharam ou trabalham sobre o suporte da cerâmica e da azulejaria”, afirma Ricardo van Steen. “Viajando pela Europa há alguns anos notei, nas feiras de antiguidades, muitas peças dos anos 1960, 1970 e 1980 que tinham a cerâmica artesanal como elemento de destaque. Era a mesma época em que o Francisco Brennand produzia as suas invenções por aqui. Não sei direito quem influenciou quem, o fato é que eu acabei começando a estudar por aqui maneiras de pensar mobília hoje com esse recurso”, conta.

Azulejo Fashion

Na moda, a azulejaria também está presente. Na última temporada internacional, a Dior colocou a padronagem em sua coleção de verão 2025 masculina. A Versace também apostou em um conceito estilizado e, no Brasil, tanto a Etro como a D-Gaia, de Daniela Setúbal, fizeram um passeio pelo tema, com inspirações em murais e painéis de azulejos da era barroca e moderna.

“Busquei os azulejos portugueses pela estética, os painéis pintados, os padrões e motivos com o uso do azul, que representa essa mistura de influências e reflete um senso de artesanato e arte”, explica Eduardo Pombal, diretor criativo da D-Gaia.

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Enfim, sejam ​​em painéis de grande porte que transformam espaços, em móveis que combinam funcionalidade com expressão artística ou em peças de arte ou de moda, os azulejos continuam sendo um meio dinâmico e influente no design contemporâneo.

Irmãos Campana: instalação com 1,8 mil azulejos pintados à mão para o prédio da JFL Living, em São Paulo, inaugurada em 2023
Irmãos Campana: instalação com 1,8 mil azulejos pintados à mão para o prédio da JFL Living, em São Paulo, inaugurada em 2023 (Fernando Laszlo/Divulgação)
Athos Bulcão: painel feito em 1988 para o Memorial da América Latina está na Galeria Herança Cultural
Athos Bulcão: painel feito em 1988 para o Memorial da América Latina está na Galeria Herança Cultural (Ale Ruaro/Divulgação)

 

Adriana Varejão:
Adriana Varejão: “Azulejões” no Itaú Cultural (Sergio Guerini/Divulgação)

 

Ricardo van Steen: desenho estilizado
Ricardo van Steen: desenho de azulejo estilizado (Divulgação/Divulgação)

 

Dior: coleção masculina de verão traz a padronagem da azulejaria
Dior: coleção masculina de verão traz a padronagem da azulejaria (Internet/Reprodução)

 

D-Gaia: Inspirações geométricas e florais nos azulejos modernistas
D-Gaia: Inspirações geométricas e florais nos azulejos modernistas (Mylena Saza/Divulgação)
Painel de Azulejos de Cândido Portinari: importante obra modernista
Painel de Azulejos de Cândido Portinari: importante obra modernista (Internet/Reprodução)

 

Djanira da Motta: integração de elementos da cultura e paisagens do Brasil em azulejos
Djanira da Motta: integração de elementos da cultura e paisagens do Brasil em azulejos (Internet/Reprodução)

 

 

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