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Por que brasileiros têm preferido escolher gatos como companheiros do lar

Redução dos espaços nas grandes cidades, vídeos fofos e até questões econômicas estão entre os motivos

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 11h20 - Publicado em 30 jul 2022, 08h00

No antigo Egito, os gatos eram considerados divindades e, ao morrer, recebiam honrarias reservadas à realeza. Para os romanos, representavam símbolos da liberdade. No Japão milenar, os mais religiosos os alçaram à condição de protetores dos escritos budistas. Na Idade Média, dizia-se que possuíam conexões com outros mundos e, por isso, acabaram associados à bruxaria. Para os seres humanos contemporâneos, os pequenos felinos têm um atributo fundamental: eles são ótimos companheiros. Não à toa, o número de bichanos em lares brasileiros tem crescido em ritmo maior que o de cães. De acordo com o mais recente censo do ramo, em 2021 havia 27 milhões de gatos domésticos no país. Em 2020, eram 25,6 milhões. A taxa de adoção de felinos também aumenta mais rapidamente que a de caninos: 6%, contra 4%. Não se trata de um fenômeno brasileiro. Nos Estados Unidos, eles são 58 milhões e estão presentes em 25,4% das residências. Na Europa, ocupam o topo do ranking: 26% das casas com pets têm um gato, contra 25% de cães. A população felina passa de 110 milhões de animais no Velho Continente.

Como qualquer tutor pode assegurar, a popularidade tem razão de ser. Há inúmeros motivos para ter um gato como companheiro. Eles dão pouquíssimo trabalho: não precisam sair para passear, fazem suas necessidades na caixa de areia sem grandes treinamentos e se dão bem em ambientes fechados. São carinhosos, se apegam a seus donos e adoram brincar ­— com caixas, luzinhas, fitas, bolinhas e o que mais estiver ao alcance de suas patas. Podem ser temperamentais, estranhar as visitas e ter o hábito de acordar no meio da madrugada para comer ou simplesmente correr pela casa. Mas basta que se aninhem no colo para que eventuais dissabores se tornem irrelevantes. “Eles interagem bem, mas têm individualidade e são menos carentes que cães”, afirma Nelo Marraccini, presidente do conselho consultivo do Instituto Pet Brasil. “São animais ideais para as cidades que foram se verticalizando.”

arte bichanos

Verdade seja dita: demorou um pouco para que as pessoas percebessem tais qualidades. Gatos já foram vistos como individualistas, traiçoeiros e apegados às casas, e não aos tutores. Mas as redes sociais acabaram difundindo o lado mais admirável desses seres, com vídeos divertidos e fofos que encantam qualquer um. O movimento de desmistificação já vinha ocorrendo, mas ganhou força com a pandemia e não dá sinais de que diminuirá. “Por isso mesmo os gatos são muito mais adotados do que cachorros”, diz Luciano Sessim, vice-­presidente de marketing do Grupo Petz e tutor de dois felinos. De acordo com Sessim, o tamanho e o comportamento mais ou menos padrão são fatores que favorecem a adoção. É por isso que “gateiros” — é assim que eles chamam a si mesmos — costumam se referir a seus animais pela cor da pelagem ou pela vaga procedência, como “sialata”, uma versão sem pedigree dos siameses.

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A euforia pela adoção, contudo, tem um lado preocupante: o aumento do abandono. Faltam dados consistentes sobre esse tipo de crime, mas ONGs que recuperam animais de ruas ou em situações perigosas afirmam que os casos subiram durante a pandemia. Uma maneira encontrada pelas instituições é adotar um processo criterioso de seleção de tutores, que avalia desde condições econômicas para garantir que o animalzinho terá comida e cuidados veterinários até a instalação de telas nas janelas dos apartamentos para evitar acidentes ou fugas. Quem preenche um formulário desses pela primeira vez se assusta, mas cada item tem por objetivo garantir a segurança dos bichos.

O mercado reagiu à nova realidade. Há alguns anos, quem procurava por acessórios destinados a gatos precisava se contentar com poucas opções em setores quase escondidos das lojas. Hoje em dia, há uma variedade grande de brinquedos, alimentos, tocas, snacks, caixas de transporte e até roupinhas — e o portfólio deve aumentar ainda mais. “Quando olhamos para o sortimento de acessórios para cães em relação ao que existe na Europa ou nos Estados Unidos, estamos bem”, diz Sessim, do Grupo Petz. “Para gatos, ainda há um longo caminho a percorrer.” Nas redes sociais, há uma brincadeira que diz que os felinos estão se preparando para conquistar o mundo. Talvez o domínio esteja mais perto do que imaginamos.

Publicado em VEJA de 3 de agosto de 2022, edição nº 2800

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