Pacientes fazem o maior desfile de moda do Instituto do Câncer de São Paulo
Idealizado para quebrar preconceitos e promover o empoderamento dos doentes, o evento acontece, pela primeira vez, em um centro de convenções
Há 12 anos, uma equipe de humanização do Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp), montou um pequeno desfile no térreo do hospital, onde há uma enorme e colorida tela do pintor Romero Brito. Então, selecionaram pacientes para ocupar uma minúscula passarela para um show de lenços, tão comuns nas cabeças das mulheres que passam por quimioterapia. A brincadeira lúdica virou um evento anual tamanha aceitação e sucesso entre pacientes e familiares. Nesta terça-feira, 29, o Icesp realiza o maior desfile de todos, com 36 modelos, entre homens, mulheres e crianças, e um público de 400 pessoas. Pela primeira vez, acontece fora do hospital, no Centro de Convenções Rebouças, às 11 horas.
Batizado de “Passarelas da Vida”, o desfile conta com o apoio de 100 colaboradores. Estudantes da Faculdade de Moda Santa Marcelina elaboraram os modelos, que revisitam a história dos eventos passados. A equipe de produção montou uma passarela de 20 metros e uma sala moderna para a maquiagem, equipada com espelhos iluminados sobre as penteadeiras. “No último desfile a passarela tinha apenas 7 metros. É um desafio que me emociona”, diz Joyce Chacon, diretora executiva do Icesp. O evento pretende alertar para a importância do tratamento e do diagnóstico precoce do câncer, que é uma doença ainda muito estigmatizada, apesar dos inúmeros avanços no tratamento e na cura. Atualmente entre 60% e 68% dos tipos de câncer têm cura e em alguns casos chegam a 100% de sucesso.
Mas o desfile tem ainda outra função: resgatar a autoestima dos pacientes e dar mais leveza a esse período de vida tão especial. “Tem mulheres que saem daqui mais felizes que no dia do casamento delas”, conta Joyce. O diagnóstico de câncer é um divisor de águas na vida de qualquer doente. A partir dessa notícia, o futuro sobe na corda bamba e tudo começa a mudar. As prioridades passam a ser uma série de exames, consultas e dependendo do caso, infusões, radioterapias e até cirurgias, se necessárias. O tratamento é uma bomba, que sem pedir licença descontrói a vida e a aparência do paciente, que se curva na esperança da cura. O apoio e a alegria de momentos como esse desfile são fundamentais. “A apresentação traz muita reflexão”, diz Joyce. Une pacientes, funcionários e colabores na promoção da visibilidade da doença e do empoderamento de pessoas que passam por uma condição de saúde difícil.