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“Museus devem ser fontes de conhecimento confiável”, diz András Szántó

Em visita ao Brasil, o curador de origem húngara e autor de 'O Futuro do Museu" debate o papel das instituições em uma sociedade em transformação

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 27 out 2023, 08h00

No final de 2020, quando o primeiro ano da pandemia ainda não havia terminado, o consultor de museus András Szántó publicou “O Futuro do Museu: 28 diálogos“. A partir de entrevistas com curadores e gestores de diversas instituições culturais espalhadas pelo mundo, o autor de origem húngara tentou mostrar alguns caminhos possíveis para esses espaços.

Desde então, o volume ganhou vida própria. Foi traduzido para o português e foi lançado no Brasil pela editora Cobogó em 2022. Szántó tem viajado pelo mundo dando palestras sobre o tema. Após passar por Santa Catarina e Rio de Janeiro, ele vai falar com o público de São Paulo na Pina Contemporânea, no sábado, dia 28, às 16h horas. Ao seu lado, a arquiteta Paula Zasnicoff, responsável pelo projeto arquitetônico da Pina Contemporânea. A conversa será mediada pela também arquiteta e diretora cultural Isabel Xavier.

Será um debate que parte de alguns dos temas abordados em sua obra, mas vai além. “Durante a pandemia, com os museus fechados, começamos a questionar o quão indispensáveis éramos. Era o momento certo para discutir o tema”, afirma Szántó em entrevista a VEJA. “Não imaginei que ele teria tanta repercussão, mas acho que foi a primeira obra a empacotar essa discussão“.

Nesses quase três anos, no entanto, muita coisa mudou, de forma acelerada. “Falamos de tecnologia, mas não de inteligência artificial. Não se esperava uma mudança tão disruptiva, e em um período tão curto”, diz o autor. Esse, segundo ele, é um tema que não foi abordado no livro, mas que tem sido discutido entre os gestores culturais agora. Assim como o envelhecimento da população não apenas nos Estados Unidos, mas no mundo inteiro. “Normalmente, as instituições não pensam nos visitantes mais velhos, mas é uma realidade demográfica que se impõe e precisamos saber como lidar.”

Capa de 'O Futuro do Museu', de András Szántó -
Capa de ‘O Futuro do Museu’, de András Szántó – (Divulgação/Divulgação)

As duas guerras que hoje tomam conta do noticiário, em Gaza e na Ucrânia, são indicativos das transformações pelas quais passa o mundo. E, nesse cenário de incertezas, o museu deve ser, na opinião de Szántó, um espaço de reunião, de bem-estar, mas também de discussão de temas importantes. “O museu é um legado do Iluminismo. E instituições como essas estão sob ataque. O conhecimento factual tem sido contestado, dando ideologicamente quanto tecnologicamente. E os museus deveriam ser uma das principais fontes de conhecimento confiável”, afirma.

Além disso, devem ser espaços que dialogam com a sociedade em que estão inseridos. “Muito do que se entende por arte hoje não estaria em um museu no século 20. Eu nasci em meados dos anos 1960 e os museus não são mais os mesmos daquela época”, diz ele. Agora, há uma demanda maior por diversidade, por reconhecer a contribuição de artistas que receberam pouca atenção. E isso, claro, é um aspecto positivo que agrega pluralidade aos acervos. “Há um diálogo maior, não é mais uma imposição cultural”, afirma o especialista.

Nesse contexto, o Brasil tem um papel determinante por meio de algumas de suas instituições icônicas, como o Masp, a própria Pinacoteca, ambos em São Paulo, e Inhotim, em Minas Gerais, não apenas por conta de seus acervos de vanguarda, mas também pelo aspecto arquitetônico. “Espero ter tempo de visitar Inhotim. Tenho muita curiosidade”, conta ele.

A arquitetura, inclusive, é o tema central de seu novo livro, “Imagining the Future Museum: 21 Dialogues with Architects“, ainda inédito no país. Há uma conversa com a brasileira Paula Zasnicoff, da Pina Contemporânea, no volume. Para o autor, além de deixar uma marca para o futuro, a arquitetura dos museus deve ser um elemento conceitual que dialoga não apenas com os acervos, mas com as sociedades e que foram concebidos.

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