Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Lares estilo ‘casa da vovó’ são tendência na arquitetura de interiores

Habitações com memória afetiva, de estilo simples e aconchegante, e sobretudo familiar, estão em alta

Por Marília Monitchele Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 09h39 - Publicado em 7 jan 2024, 08h00

Todo começo de ano é momento de calmaria, de entender os erros do passado e pavimentar os caminhos para os próximos doze meses. Nessa trilha, poucos espaços são mais fundamentais do que o bem-estar dentro de casa. Não por acaso, na busca por aconchego e tranquilidade, depois da severidade da pandemia e do espanto com as guerras do lado de fora das janelas, cresceu um movimento de decoração de interiores batizado carinhosamente de “casa da vovó”.

O que o compõe, atrelado ao nome que já diz tudo e mais um pouco? Cadeira de balanço, plantas em profusão, filtro de barro, tapetes de crochê, mantas de sofá e redes. São peças de evidente memória afetiva, de um tempo sem internet, um tempo mais lento e contemplativo que a sociedade moderna subtraiu. Não se trata de romantismo tolo, de celebrar o passado em oposição ao presente, mas atire a primeira pedra quem não tem saudade daquele cotidiano mais pacato, com jeitão de interior — ao modo, enfim, dos pais de nossos pais, dos avós de nossos pais.

Pode-se medir o interesse pela onda — que se anuncia firme e forte em 2024 — pelo sucesso das hashtags a se espalhar pelo Instagram, palco eletrônico afeito a postar fotos. Uma simples busca por “casa de vó” entrega mais de 500 000 publicações. E pululam ambientes multicoloridos, como os da badalada decoradora e influencer Paula Amorim, na contramão da explosão do minimalismo escandinavo, quase sempre entre o branco e o cinza, de ângulos retos, que dominava os gostos até muito recentemente. A bússola mudou.

DECORAÇAO – PAULA AMORIM – INSTAGRAM @PADESCONTROL
ACONCHEGO - Ambiente: 
a delicadeza confortável do crochê (@Padescontrol/Instagram)

Nessa modalidade afetiva de arrumação, a funcionalidade muitas vezes cede espaço à busca por ambientes que costuram lembranças. Vale sobretudo o que a memória informa, a forma e não a função. É como se, mal comparando, voltássemos a ouvir música em vitrolas e não mais pelo Spotify. “A ideia de que elegância está atrelada ao minimalismo colonizou nosso olhar”, diz a arquiteta Marina Fontes, fundadora da Hibisco Arquitetura, de Brasília, escritório afeito a manter móveis antigos com zelo, de modo a oferecer um desenho vintage. Há uma explicação psicológica pela preferência. “Estamos em um momento de repensar valores e condições de vida, priorizando os vínculos afetivos e reavaliando o sentido do morar como o lugar que nos conecta às nossas raízes”, diz Ana Paula Coelho de Carvalho, professora da pós-graduação em design de interiores do Senac de São Paulo. Trata-se, portanto, muito mais do que mera afinidade de estilo.

Continua após a publicidade

Em diversas culturas, como reflexo do acolhimento promovido pela residência dos avós, sonhar com a casa da família tem significado seminal. Representa o conforto da nostalgia, em que as coisas funcionavam bem, mas também de segurança ante os problemas do dia a dia. É como colo. Na China, devanear durante a noite com a casa da avó é indício de algo auspicioso, de sorte, prosperidade e equilíbrio na vida. Na Espanha, traduz os laços da memória, a promessa de que as tradições e heranças não serão esquecidas. “Não são os objetos isolados, mas o contexto e sua composição harmônica que ditam a atmosfera pretendida”, afirma Ana Paula, do Senac.

O resultado, do ponto de vista da residência, dá as mãos a uma das mais belas frases do cancioneiro popular americano, da toada The Ballad of Frankie Lee and Judas Priest, de Bob Dylan, do álbum John Wesley Harding: “Que tipo de casa é essa”, ele disse / Onde eu vim perambular? / Não é uma casa, disse Judas Priest / Não é uma casa… É um lar”. Assim são as casas das vovós.

Publicado em VEJA de 5 de janeiro de 2024, edição nº 2874

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.