Comportamento

Favela paulistana é a primeira do país a inaugurar uma sala de concerto

Escritório de arquitetura que construiu a Sala São Paulo também projetou o Teatro Baccarelli em Heliópolis, a maior comunidade da capital

Por Valéria França SEGUIR SEGUINDO 25 nov 2025, 08h00

O Instituto Baccarelli, criado pelo maestro Silvio Baccarelli (1931-2029), há quase três décadas, consolidou-se como uma das mais importantes iniciativas de transformação social por meio da música no Brasil. Uma iniciativa que levou para a favela de Heliópolis, uma das maiores do país, o sentimento de orgulho e projeção nacional a partir do sucesso de uma orquestra montada com os jovens da região. Esse trabalho ganha agora uma nova dimensão com a construção Teatro Baccarelli, a primeira sala de concertos instalada dentro de uma comunidade em todo o mundo — um marco simbólico e arquitetônico.

A nova casa de espetáculos abre as portas nesta terça-feira, 25. Para entender o tamanho do investimento, vale dizer que foi projetada pelo escritório de José Nepomuceno, o mesmo responsável pela exímia acústica da Sala São Paulo, uma das mais importantes sala de concerto do mundo. O espaço é resultado da parceria entre a iniciativa privada e o poder público, que priorizou técnica construtiva de baixo impacto ambiental e mão de obra local, o que aumentou positivamento a sustentabilidade do projeto com a geração de novas vagas de trabalho no bairro. Com capacidade para 500 pessoas, em um espaço de 1200 metros quadrados, apresenta palco com mecanismo móvel e tecnologia avançada para produção de audiovisual e eventos.

O Instituto Baccarelli nasceu após um incêndio na favela, em 1996, como uma forma solidária do maestro ajudar a comunidade. No início eram apenas 36 crianças, que foram matriculadas para aprender a tocar instrumentos sinfônicos. Hoje, oferece formação artística de alto nível para mais de 1.600 crianças e jovens. Transforma a vida da comunidade ao criar oportunidades reais de acesso à cultura, educação e profissionalização. Ao longo desse percurso, já revelou músicos que hoje atuam em orquestras brasileiras e internacionais, o que reafirma a visão do maestro-fundador de que excelência artística e inclusão social podem caminhar juntas.