Conheça as premiadas cervejas rústicas produzidas pela Água do Monge
Cervejaria de Guarapuava vem se especializando no estilo Saison, originário da Bélgica, que passa por estágio em barris e recebe adição de frutas

No vibrante cenário das cervejas artesanais brasileiras, uma das vertentes mais interessantes é aquela ocupada pelos rótulos mais complexos, muitas vezes de base ácida, que levam frutas e outros adjuntos locais. São cervejas que dialogam com um público variado e capazes de refletir o terroir em que foram criadas. E uma das cervejarias que vem se destacando nesse cenário é a Água do Monge, de Guarapuava, no Paraná.
O nome é uma brincadeira com uma lenda local relacionada ao monge João Maria, que peregrinou por várias cidades da região Sul do Brasil e costumava se instalar em áreas próximas a fontes de água. Em Guarapuava, encontrou o rio Jordão e usou suas águas para curar pessoas necessitadas. O monge tornou-se, então, um personagem afetivo dos habitantes, que até hoje pedem sua benção. “Já existe uma associação natural do mundo das cervejarias com a figura do monge por conta da Bélgica e das cervejarias dos monges da Ordem Trapista“, diz Eliezer Goulart, sócio da cervejaria. “No nosso caso, o nome traz imediatamente para a história local”.
A Bélgica também é a inspiração por trás do estilo predominante escolhido pela Água do Monge. A linha especial é formada por uma base de Saison, variedade originária da Europa que tem um perfil mais “rústico”, com alta carbonatação, aromas frutados e de especiarias e, tradicionalmente, teor alcoólico mais baixo. “Foi uma questão de posicionamento. Sempre pensamos em fazer o chope fresco para servir localmente, mas sabíamos que para ter reconhecimento nacional era preciso ir além”, diz Eliezer.
Hoje, o portfólio é composto por garrafas de 750 ml com variações de Saison. A Malbec, por exemplo, é um blend da Saison base com outra que passou 12 meses em barricadas de carvalho francês que antes foram usadas para o envelhecimento de vinho com a uva Malbec. Já a Saison Pitaya recebe adição da fruta. Há outras opções, como a Irish Vinho do Porto, uma red ale que passou por barricas que antes envelheceram o tradicional vinho fortificado de origem portuguesa.
O chope, no entanto, ainda é o carro-chefe das vendas. Os barris são vendidos localmente para todo tipo de confraternização, e há a opção de pedir growlers, garrafas pet com chope fresco, para o consumo no dia a dia. “A maior parte da nossa venda é de chope, mas é com as garrafas que podemos ser mais criativos e é com elas que ganhamos medalhas e reconhecimento”, afirma a sócia Larissa Vier.
Desde a fundação, em 2019, a Água do Monge já recebeu 17 medalhas em concursos importantes, incluindo a melhor cerveja Saison da América Latina na edição de 2022 do Copa Cervezas de America. O plano, agora, é ampliar os canais de vendas. E conseguir um espaço nas cartas de bebidas dos restaurantes. “Produzimos rótulos de uma grande riqueza de aromas e sabores, com enorme potencial gastronômico“, afirma Eliezer. “É difícil entrar na carta dos grandes restaurantes, mas é um trabalho que estamos dispostos a fazer, mostrando o potencial de harmonização.”
É possível comprar as garrafas especiais diretamente no site da cervejaria, por valores entre R$ 70 e R$ 85. No sábado (8), a Água do Monge também vai participar do evento All Beers Sessions, em São Paulo. Ainda há ingressos.