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Christiana Guinle: “Gênero não deve ser fixo”

Integrante de uma das mais tradicionais famílias do Rio, a atriz se assume como gênero fluido e conta como foi lidar com o preconceito

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 11h54 - Publicado em 1 out 2022, 08h00
FASES - Christiana: há dias em que se sente homem e, em outros, mulher -
FASES – Christiana: há dias em que se sente homem e, em outros, mulher – (Márcio Farias/.)

Como se define do ponto de vista de gênero? Sou fluido. Trata-se de uma pessoa que não se enxerga como pertencente a um gênero só. Tem dias nos quais me sinto como um homem e, em outros, acordo com energia feminina.

Pode explicar como funciona isso? Gênero não deve ser fixo. As fronteiras entre o feminino e o masculino praticamente não existem. Antes de tudo, somos indivíduos e únicos. Não preciso me rotular como isso ou aquilo. E a questão não tem necessariamente a ver com a orientação sexual. As pessoas tendem a achar que gênero fluido é ser bissexual. Mas não é sobre isso. Mesmo que tenha umas fases masculinas ou femininas, elas não influem na minha sexualidade. Sou lésbica.

Sente vontade de modificar seu corpo? De jeito nenhum. Sou muito feliz com ele. O julgamento vem das outras pessoas, mas não estou nem aí.

Você vem de uma família tradicional do Rio de Janeiro. Como foi a reação deles ao saber que se identificava como gênero fluido? Quando descobri, nem existia essa palavra. Ou você era gay ou não. Como lésbica, sofri com algumas atitudes, em especial da minha mãe, Germana. Ela não concebia a ideia de ter uma filha “sapatão”. Ficava apavorada com a ideia. Com o tempo, aceitou. Hoje tenho uma boa relação com toda a família. Na sociedade, desconfiavam da minha sexualidade, mas não me assumia por medo de ser julgada e até de perder meu emprego de atriz. Meu agente, inclusive, me pedia que eu fosse discreta.

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Por que resolveu só agora, aos 57 anos, falar abertamente sobre a questão? Descobri quem eu sou. Não quero ter de viver com medo de me expor. Estou preparada para o que vier pela frente, seja uma coisa muito boa ou não. Também foi um jeito de dizer ao mundo que é hora de acabar com preconceitos. Sei que essa exposição vai gerar julgamentos. Mas não vou mais me esconder.

Teme críticas ou mesmo ser alvo de violência? Sei que alguns me aceitarão e outros jogarão pedras. Quero só ver, agora, quem é que vai me dar papéis em novelas ou no cinema. Nós somos minoria. Em pleno século XXI, e por treze anos, o Brasil continua sendo o país que mais mata travestis no mundo. Quando foi que nos tornamos tão moralistas? Precisamos lutar e falar mais sobre esses temas para que as pessoas não sofram perseguições.

Publicado em VEJA de 5 de outubro de 2022, edição nº 2809

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