Carol Trentini: ‘Eu estudo onde piso’
Supermodelo gaúcha continua sendo uma das mais requisitadas para as passarelas, mas decidiu agora também virar empresária de produtos infantis
Você é considerada uma das modelos mais cobiçadas e longevas no Brasil e lá fora. Qual é a fórmula do sucesso? Vou pelas beiradas e tenho jogo de cintura. Nunca fui uma profissional do tipo que está em todos os lugares ao mesmo tempo. Para mim, é uma maneira inteligente de administrar a carreira. Eu estudo onde piso antes de explorar de fato o espaço.
Mas não existe prazo de validade para a carreira nas passarelas? Sei quando, onde e como falar o “sim” e o “não”. No fundo, nem tudo se resume a dinheiro, fama e estilistas renomados. É preciso pensar no todo. Acho que foi esse cuidado que me fez chegar até aqui.
E não há etarismo no mundo da moda? Os tempos realmente mudaram? O mercado está com os olhos abertos para outras questões, e não apenas para um padrão de beleza, como antigamente. Hoje a moda tem um olhar mais real sobre a mulher que consome e para a diversidade, o que demorou muito para acontecer. É bom estar aqui, 22 anos depois de começar, com bastante oferta de trabalho. Mas não deixei de tocar outras frentes e projetos, como a criação de uma marca de roupas infantis, a Benbini, e o lançamento de uma linha de cuidados de higiene e bem-estar para crianças com a Simple Organic.
Mas você faz parte do padrão exigido pela indústria da moda… Sim, e usufruo disso. Nunca sofri tanta pressão porque meu biotipo já atendia às demandas do mercado. Mesmo quando tive meus filhos, voltei rapidamente à forma. Não posso falar de sofrimento, porque sempre me encaixei nos padrões. Mas se abrir para a diversidade deveria ser algo normal desde sempre. Então temos muito a melhorar.
Considera que chegou ao topo da carreira, ao desfilar pela Victoria’s Secret? Fiz três desfiles para a marca, sempre com alegria. Eu a respeito muito, mas, para mim, era só mais um trabalho. Nunca foi um sonho.
E como é conciliar a vida de modelo com a família, tendo filhos pequenos? Eles entendem e respeitam meu trabalho e minha postura porque sempre trouxe o assunto para dentro de casa com seriedade. Eles nunca me viram na persona modelo. Sou uma mãe muito presente.
Como se enxerga daqui a dez anos? Não gosto de fazer planos para não me frustrar. Espero estar sã e fazendo coisas mais pontuais. Não quero e não vou botar uma meta. Até para não ter que ir tratar na terapia depois.
Publicado em VEJA de 22 de novembro de 2024, edição nº 2920