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Walcyr Carrasco

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Quem você vai ser?

A gente é que escolhe o que interpretará na trama do destino

Por Walcyr Carrasco Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 12h24 - Publicado em 9 jan 2022, 08h00

Eu já compreendi que, na vida, a gente escolhe papéis. Cada escolha tem um caráter dramatúrgico, capaz de definir o próprio destino. Na recente passagem de ano, muitos amigos se atiraram nas previsões. Eu tenho uma só, válida para todos os anos. O papel que se escolhe define tudo o mais. Uma mulher que eu conheço adora se fazer de vítima. Segundo seu modo de ver, tudo o que acontece no mundo é para acabar com a vida dela. Imagino que, se ganhasse na Mega-Sena, choraria achando que tem algo de oculto e terrível por trás de tudo. Obviamente, não consegue ser feliz. Tudo vai bem: marido, filhos. Mas ela acha que o mundo está contra, e acabou.

Uma vez eu tive um amigo que vivia sempre a mesma situação: por falta de grana, buscava abrigo na casa de alguém. Meses depois, era convidado a se retirar e entrava em depressão. Arrumava outro lugar para se hospedar. E assim por diante… Eu conheço um sujeito que nunca morou em casa própria, alugada… é um profissional de certo sucesso, mas sempre se dependura em alguém. Há pessoas que se agarram ao fracasso e talvez até se sintam desestabilizadas quando vem o sucesso. Outras mentem compulsivamente, sua vida é uma rede de invenções. Também existem as arrogantes militantes, que escolhem uma causa, e ficam furiosas se você não compartilha de suas ideias por um mínimo que seja — e daí pode ser o fim da amizade. Há as que interpretam as sem-noção e fazem da vida alheia um inferno. Por exemplo, chegam três horas atrasadas em um encontro e abrem as asas furiosas quando a gente reclama. Tem quem vive pedindo empréstimo como uma forma de vida. Há pessoas que vivem causando conflitos. Sem o confronto, não saberiam o que fazer. Ou as que sonham com uma outra vida, mas não montam uma estratégia para realizar. Nunca vou esquecer: uma vez estava em uma fila de autógrafos e uma senhora de idade avançada me pediu uma chance para ser atriz. Nunca tinha tentado realmente. Mas o sonho estava lá, guardado, causando uma frustração que durou décadas. Também conheço gente que se justifica demais, sempre tem explicação para tudo. Mas é incapaz de pedir desculpas, dizer… foi mal.

“Numa novela, é difícil o ator mudar de personagem. Mas na vida dá, sempre! Neste ano, quero bons papéis”

Também existem pessoas que são pura alegria de viver. Tudo para elas é bom, agradável. Mesmo diante de tragédias, fazem de tudo para superar. Pessoalmente são deliciosas de conviver. Obviamente, a vida sorri para elas. E, se não sorri, elas partem para outra. Enfim, é possível acompanhar a vida da pessoa como uma dramaturgia. Acredito em transformar o destino. Mas para isso a pessoa tem de estar disposta a sair dos papéis escolhidos. O velho ditado é verdadeiro: colhe-se o que se planta.

Um bom exercício é pensar no personagem que criou para si mesmo. Rejeitado? Muito amado? Por incrível que pareça, há quem coloque na cabeça que é feio, e não tem procedimento estético capaz de lhe trazer beleza.

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Numa novela é bem difícil o ator mudar de personagem. Mas na vida dá, sempre! Neste ano, quero escolher bons papéis. E, no elenco da minha vida, descobrir com quem realmente quero contracenar.

Publicado em VEJA de 12 de janeiro de 2022, edição nº 2771

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