Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Walcyr Carrasco

Por Walcyr Carrasco Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Continua após publicidade

Desarmonização facial

A febre de intervenções estéticas cria pessoas irreconhecíveis

Por Walcyr Carrasco Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 11h54 - Publicado em 22 Maio 2022, 08h00

Certa vez, um cantor bonitão foi convidado para participar de uma novela. Quando apareceu em cena, estava irreconhecível. Motivo: uma harmonização facial que não deu certo, como ele próprio reconheceu publicamente. O procedimento entrou em moda. Há quem acredite que é a grande salvação de belezas perdidas ou que nunca existiram. Afinal, do que se trata? É um conjunto de procedimentos estéticos em prol da harmonia do rosto. O início do envelhecimento é o sinal de alerta para quem ainda não pensou nisso. Como quase todo mundo vive preocupado em envelhecer, o bip bip da harmonização toca o tempo todo. Declara-se guerra às rugas, olheiras, sulcos faciais, linhas de expressão. Em alguns casos, aumenta-se o queixo. Desenha-se a mandíbula com um gel preenchedor. Os lábios ganham contornos cada vez mais carnudos. Muitas vezes pigmentados com a “cor da boca”. Às vezes, assemelham-se a uma boca de peixe, dependendo da mão do profissional. O excesso de Botox também pode impedir a expressão de qualquer sentimento. Que importa, se o rosto vai ter uma aparência mais jovem, suavizada, como se tivesse passado por um filtro do Instagram? (Eu suponho que os filtros do Instagram são a grande inspiração para a harmonização facial.) Os radicais chegam a fazer a bichectomia — procedimento de remoção do corpo adiposo da bochecha. É para melhorar o formato facial. Tudo isso parece radical? Sem dúvida. Mas todo mundo fica mais parecido entre si. As pessoas perdem linhas e traços que as identificam com elas mesmas e sua família.

“Um ator que todos consideram bonito refez o rosto inteiro e postou nas redes sociais. Se ele precisa, ai de mim!”

É possível reconhecer um rosto harmonizado à primeira vista. Não tem como esconder. A não ser com as máscaras anti-Covid. Existem profissionais sérios e melhores na realização. Mas diariamente deparo com pessoas cuja aparência não deve ter sido escolhida conscientemente. Uma modelo que conheço está com a boca cada vez maior, desde a primeira vez em que a vi. Outro ator que todos consideram bonito refez o rosto inteiro e postou nas redes sociais. Se ele precisava, ai de mim! Recebo várias propostas querendo harmonizar meu rosto para eu postar também. Mas, por enquanto, fico com minhas rugas. São sinais de que estou envelhecendo, mas, de qualquer maneira, não envelhecer seria pior.

Não sou contrário às técnicas em si. Muitas fazem bem à aparência e, melhor ainda, à autoestima. Mas a linha entre o procedimento bem-sucedido e um rosto de Frankenstein é tênue. Sem falar nas loucuras de imaginação dos clientes — com que nem todos os profissionais compactuam. Há um rapaz que fez cirurgias para ficar igual ao Luan Santana. Impossível, Luan é Luan.

Além do mais, existem lentes dentárias que deixam um sorriso de piano! No neon, os dentes brilham. Como as técnicas são as mesmas, os resultados são semelhantes. As pessoas vão perdendo sua individualidade.

Continua após a publicidade

Isso tudo, somado a meu grau de miopia, me dá um medo! Sou capaz de não distinguir quem é quem no próximo evento social.

Publicado em VEJA de 25 de maio de 2022, edição nº 2790

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.