Quando fui uma péssima mãe… E o que isso me ensinou sobre culpa
Reagir abruptamente até pode aliviar o desconforto imediato. Mas responder, com intenção, é o que transforma. Saiba como isso é possível
 
                Tenho certeza de que já aconteceu com você. Ao ver seu filho frustrado, em vez de acolher, responde com uma bronca. Recebe uma mensagem seca do parceiro e rebate com outra, mais seca ainda. Um amigo some, e no lugar de perguntar se ele está bem, você manda um textão cobrando presença. Seu pai faz um comentário atravessado e, na sequência, você solta uma resposta dura.
Na hora, parece que você está se defendendo ou tentando resolver algo. Por dentro, o que disparou foi outra coisa: a culpa.
Isso acontece entre pais e filhos, entre casais, irmãos, amigos e todos os relacionamentos que você imaginar. Foi exatamente o que vivi com meu filho.
Quando fui uma “péssima mãe”
Naquela manhã, decidi levar o meu filho, Diego, para a escola.
Ele estava passando por uma fase difícil: irritando-se facilmente nos jogos e ficando mais agressivo com os colegas. Geralmente é o meu marido, David, quem faz esse trajeto, mas era uma bela oportunidade de estarmos juntos, conversarmos e de ajudá-lo de algum jeito.
Agora, estamos no carro. Ele senta no banco de trás, coloca o cinto, e, depois de alguns minutos de conversa leve, ele pergunta: — Podemos ouvir aquele audiobook? — Hoje, não — eu respondo. — Mas a gente já conversou — o Diego insiste.
E então, sem pensar, as palavras escapam da minha boca: — Se você não quer conversar comigo, então eu não quero mais te levar para a escola.
Assim que digo, me arrependo e a voz crítica dentro da minha cabeça dispara: “Você viaja demais. Não está presente. Ele está assim por sua causa.”
Ele olha para mim com calma e diz: — Mãe… a gente pode fazer o “e” em vez do “ou”? Conversar e ouvir o livro?
Geralmente, sou eu quem falo sobre a ideia de substituir o “e” pelo “ou”, tanto com meus clientes, quanto lá em casa, e aqui na coluna também. Já falamos sobre isso quando conversamos sobre o tipo de pensamento que destrói qualquer relacionamento.
A ciência por trás da nossa conversa
Naquele momento, meu cérebro caiu exatamente no ciclo que ensino todos os dias em terapia.
Pensamento: “Se ele está com dificuldades, é porque estou falhando como mãe.” Emoção: culpa, junto de ansiedade e vergonha. Comportamento: tentar controlar a conversa — forcei um momento de aprendizado no meu filho para acalmar o desconforto que eu sentia.
Quando a culpa ou a vergonha ativa a amígdala no cérebro, imediatamente entramos em estado de alerta. A lógica desaparece e o controle parece mais seguro que a curiosidade.
O nome disso é evitação psicológica: quando tomamos decisões para fugir do desconforto imediato que sentimos. Eu não estava ajudando-o a regular as suas emoções. Eu estava evitando as minhas.
Aquela lição que eu estava tentando passar a ele foi na verdade uma tentativa de acalmar o meu medo. Aquele de que eu como mãe estava fazendo algo errado.
3 passos para não deixar a culpa assumir o controle
Naquela manhã, consegui voltar para mim antes que a culpa tomasse o volante de vez.
Esses três passos podem te ajudar a fazer o mesmo:
1. Pausar O corpo avisa antes da mente: aperto no peito, fala rápida, coração acelerado. Quando perceber esses sinais, pare. Respire. Essa pequena pausa já começa a trazer o seu cérebro pensante de volta.
2. Checar Pergunte-se: qual história minha mente está contando agora? No meu caso, era “meu filho está assim por minha culpa. Eu estou falhando”. Reenquadrei para “ele está aprendendo e eu sou uma mãe presente, tentando ajudar.” A culpa diminui quando a gente se encontra com mais verdade.
3. Escolher Na prática, isso pode ser tão simples quanto ligar o audiobook e, alguns minutos depois, fazer um comentário leve, sem tom de lição. Mas de conexão. Foi o que acabei fazendo. E, só assim, ele pôde me ouvir, porque eu escolhi ouvir a mim mesma primeiro.
Nossos filhos não precisam de pais perfeitos. Eles precisam de pais que podem começar de novo.
Reagir até pode aliviar o desconforto imediato. Mas responder, com intenção, transforma. A culpa não desaparece sozinha.
Quando pausamos antes de agir, ela deixa de ser guia e vira sinal.
Essa nova perspectiva fez sentido para você? Conseguiu identificar alguma situação na sua vida em que você poderia ter feito essa pausa para evitar que a culpa assumisse o controle? E como você reagiria diferentemente agora?
Adoro saber como essas pequenas mudanças ecoam na vida real. Se essa coluna te fez refletir, me escreve lá no Instagram.
Nos falamos na próxima semana! Até lá, pratique a coragem de escutar, a si mesmo e ao outro, na mesma conversa para viver com mais ousadia.
 
	 
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