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Viver com Ousadia

Por Luana Marques Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A ansiedade pode se tornar sua maior força. A psicóloga Luana Marques, professora de Harvard, ensina como transformar o medo em ação e treinar a mente para vencer as incertezas pelo caminho.

Pensando em terminar seu relacionamento? Esse é o antídoto científico

Relacionamento de verdade precisa de presença e de estar inteiro, mesmo quando é difícil

Por Luana Marques
25 jul 2025, 17h00

Você já tentou resolver um conflito com seu parceiro e teve a sensação de que ele só queria fugir, mudar de assunto, fingir que nada aconteceu?

Ou talvez o contrário: tudo o que você queria era que a briga acabasse, que o clima melhorasse, mas a outra pessoa continuava insistindo em conversar, perguntar e pressionar.

Se você já passou por isso, você vai se identificar com um casal que atendi recentemente. Vamos chamá-los de Marina e Carlos.

Bastava acontecer algo fora do previsto: uma piada fora de contexto durante um almoço em família, uma toalha molhada em cima da cama, a pia cheia depois de um dia puxado, uma mensagem não respondida, um comentário atravessado sobre dinheiro, ou um convite recusado de última hora.

Coisas pequenas, do dia a dia. Mas que, quando acumuladas, viram faíscas. E é aí que o ciclo começa:

— A gente precisa conversar sobre o que aconteceu — diz Marina, com a voz firme, mas tentando manter a calma.

Carlos, que já percebeu o tom, revira os olhos e responde:

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— Não foi nada demais! Você exagera tudo. Parece que tudo precisa virar uma DR… eu só quero respirar um pouco.

— Eu só quero resolver!

— E eu só quero paz!

Ela insiste, ele se cala. Ela aumenta o tom, ele sai de cena.

Ela sente que está sendo ignorada e ele sente que está sendo pressionado.

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E assim, sem perceber, os dois seguem se afastando um do outro, mesmo quando o que mais querem é se reconectar.

A verdadeira raiz das intermináveis brigas de casais

O que Marina e Carlos estão vivendo tem nome: evitação psicológica.

É o que acontece quando o nosso cérebro interpreta uma situação desconfortável, como um desentendimento ou uma crítica, como se fosse uma ameaça real.

Mesmo sem um perigo físico, o cérebro entra em modo de sobrevivência e ativa respostas automáticas: lutar, fugir ou congelar.

A evitação psicológica é o mecanismo biológico do nosso cérebro tentar nos proteger do medo, frustração, vergonha ou rejeição.

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Cada um de nós tem uma tendência.

  • Marina reage lutando: quando se sente insegura, ela tenta resolver rápido, busca controle e cobra resposta.
  • Carlos reage fugindo: quando se sente pressionado, ele se cala, evita o assunto e sai de cena.

À primeira vista, parece que Marina e Carlos têm personalidades incompatíveis. Mas, no fundo, os cérebros dos dois estão tentando fazer a mesma coisa: protegê-los da dor emocional.

O problema é que, se sempre evitamos o conflito, nunca aprendemos a lidar com ele de verdade. E isso transforma o relacionamento numa sequência de reações automáticas, em que um levanta a voz porque sente que não é ouvido, enquanto o outro se cala porque sente que não adianta falar. Um cobra, o outro se afasta. Um insiste, o outro se fecha. E no fim, os dois se sentem sozinhos, mesmo estando juntos.

Essa dança não acontece por maldade — acontece porque o cérebro foi programado para sobreviver.

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Só que relacionamento não se sustenta na sobrevivência, onde tudo vira um campo minado emocional, e o objetivo deixa de ser se aproximar e passa a ser evitar o próximo conflito.

Relacionamento de verdade precisa de presença e de estar inteiro, mesmo quando é difícil. Precisa de escuta, não só para responder, mas para entender. E acima de tudo, precisa de coragem para sustentar o desconforto e não evitar o próximo conflito.

A solução não está no outro, está na sua reação

A boa notícia é que esse padrão pode ser transformado.

Mas a mudança não começa tentando consertar seu parceiro. Começa reconhecendo a forma como você mesmo reage.

Seu cérebro vai continuar tentando te proteger. Vai te empurrar para o ataque, a fuga ou ainda o congelamento.

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Mas você pode aprender a reconhecer esse impulso e, como primeiro passo para não cair na evitação psicológica, experimente pausar e entender:

  • O que eu estou pensando?
  • O que eu estou sentindo?
  • E o que estou prestes a fazer?

Por exemplo: estou pensando que ele não se importa comigo, sentindo raiva e prestes a levantar a voz.

Reconhecer esse tipo de padrão já vai ajudar muito nos próximos conflitos. E na próxima coluna, vamos ainda mais fundo e vou te mostrar como treinar seu cérebro para sair do automático e criar mais espaço para conexão, mesmo nas brigas.

Por hoje, te deixo com esse lembrete:

Se vocês vivem brigando do mesmo jeito, talvez não seja falta de amor, seja excesso de proteção.

E, às vezes, o passo mais ousado que você pode dar é ficar com o desconforto só um pouco mais.

Agora que leu até aqui, você se identificou com a Marina ou o Carlos? Me conta como essa coluna te fez refletir?

Eu adoro conversar com os leitores no meu perfil do Instagram. Clique aqui e me conte o que essa coluna te fez refletir — espero sua mensagem.

Nos vemos semana que vem.

Até lá, pratique a coragem de observar, sem atacar e sem fugir.

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