Pensando em terminar seu relacionamento? Esse é o antídoto científico
Relacionamento de verdade precisa de presença e de estar inteiro, mesmo quando é difícil
Você já tentou resolver um conflito com seu parceiro e teve a sensação de que ele só queria fugir, mudar de assunto, fingir que nada aconteceu?
Ou talvez o contrário: tudo o que você queria era que a briga acabasse, que o clima melhorasse, mas a outra pessoa continuava insistindo em conversar, perguntar e pressionar.
Se você já passou por isso, você vai se identificar com um casal que atendi recentemente. Vamos chamá-los de Marina e Carlos.
Bastava acontecer algo fora do previsto: uma piada fora de contexto durante um almoço em família, uma toalha molhada em cima da cama, a pia cheia depois de um dia puxado, uma mensagem não respondida, um comentário atravessado sobre dinheiro, ou um convite recusado de última hora.
Coisas pequenas, do dia a dia. Mas que, quando acumuladas, viram faíscas. E é aí que o ciclo começa:
— A gente precisa conversar sobre o que aconteceu — diz Marina, com a voz firme, mas tentando manter a calma.
Carlos, que já percebeu o tom, revira os olhos e responde:
— Não foi nada demais! Você exagera tudo. Parece que tudo precisa virar uma DR… eu só quero respirar um pouco.
— Eu só quero resolver!
— E eu só quero paz!
Ela insiste, ele se cala. Ela aumenta o tom, ele sai de cena.
Ela sente que está sendo ignorada e ele sente que está sendo pressionado.
E assim, sem perceber, os dois seguem se afastando um do outro, mesmo quando o que mais querem é se reconectar.
A verdadeira raiz das intermináveis brigas de casais
O que Marina e Carlos estão vivendo tem nome: evitação psicológica.
É o que acontece quando o nosso cérebro interpreta uma situação desconfortável, como um desentendimento ou uma crítica, como se fosse uma ameaça real.
Mesmo sem um perigo físico, o cérebro entra em modo de sobrevivência e ativa respostas automáticas: lutar, fugir ou congelar.
A evitação psicológica é o mecanismo biológico do nosso cérebro tentar nos proteger do medo, frustração, vergonha ou rejeição.
Cada um de nós tem uma tendência.
- Marina reage lutando: quando se sente insegura, ela tenta resolver rápido, busca controle e cobra resposta.
- Carlos reage fugindo: quando se sente pressionado, ele se cala, evita o assunto e sai de cena.
À primeira vista, parece que Marina e Carlos têm personalidades incompatíveis. Mas, no fundo, os cérebros dos dois estão tentando fazer a mesma coisa: protegê-los da dor emocional.
O problema é que, se sempre evitamos o conflito, nunca aprendemos a lidar com ele de verdade. E isso transforma o relacionamento numa sequência de reações automáticas, em que um levanta a voz porque sente que não é ouvido, enquanto o outro se cala porque sente que não adianta falar. Um cobra, o outro se afasta. Um insiste, o outro se fecha. E no fim, os dois se sentem sozinhos, mesmo estando juntos.
Essa dança não acontece por maldade — acontece porque o cérebro foi programado para sobreviver.
Só que relacionamento não se sustenta na sobrevivência, onde tudo vira um campo minado emocional, e o objetivo deixa de ser se aproximar e passa a ser evitar o próximo conflito.
Relacionamento de verdade precisa de presença e de estar inteiro, mesmo quando é difícil. Precisa de escuta, não só para responder, mas para entender. E acima de tudo, precisa de coragem para sustentar o desconforto e não evitar o próximo conflito.
A solução não está no outro, está na sua reação
A boa notícia é que esse padrão pode ser transformado.
Mas a mudança não começa tentando consertar seu parceiro. Começa reconhecendo a forma como você mesmo reage.
Seu cérebro vai continuar tentando te proteger. Vai te empurrar para o ataque, a fuga ou ainda o congelamento.
Mas você pode aprender a reconhecer esse impulso e, como primeiro passo para não cair na evitação psicológica, experimente pausar e entender:
- O que eu estou pensando?
- O que eu estou sentindo?
- E o que estou prestes a fazer?
Por exemplo: estou pensando que ele não se importa comigo, sentindo raiva e prestes a levantar a voz.
Reconhecer esse tipo de padrão já vai ajudar muito nos próximos conflitos. E na próxima coluna, vamos ainda mais fundo e vou te mostrar como treinar seu cérebro para sair do automático e criar mais espaço para conexão, mesmo nas brigas.
Por hoje, te deixo com esse lembrete:
Se vocês vivem brigando do mesmo jeito, talvez não seja falta de amor, seja excesso de proteção.
E, às vezes, o passo mais ousado que você pode dar é ficar com o desconforto só um pouco mais.
Agora que leu até aqui, você se identificou com a Marina ou o Carlos? Me conta como essa coluna te fez refletir?
Eu adoro conversar com os leitores no meu perfil do Instagram. Clique aqui e me conte o que essa coluna te fez refletir — espero sua mensagem.
Nos vemos semana que vem.
Até lá, pratique a coragem de observar, sem atacar e sem fugir.
O sinal que a nova pesquisa sobre a popularidade de Lula enviou para o mercado financeiro
O que a nova decisão de Moraes sinaliza sobre possível prisão de Bolsonaro
Componentes da Grande Rio denunciam ‘caos’ gerado por Virgínia Fonseca
PF deu de cara com filho de Lula ao cumprir mandado contra ex-nora do presidente
‘A TV aberta está sob xeque’, diz Ernesto Paglia após demissão da Globo







