Sou de Algodão: Como um desfile uniu a moda pela fibra da consciência?
Movimento traz seis estilistas, incluindo Alexandre Herchcovitch, em apresentação coletiva para mostrar trajetórias e o caminho do algodão brasileiro
Na elegância do preto, o algodão brasileiro vestiu a passarela do São Paulo Fashion Week, na noite desta sexta-feira 17, com a força de uma história coletiva. Sob o olhar do stylist Paulo Martinez, o movimento Sou de Algodão fez da unidade sua maior expressão: seis estilistas, seis narrativas, uma só matéria-prima. A cor única era síntese e ponto de encontro de todas as tonalidades possíveis, como se o preto guardasse em si o percurso de uma fibra que nasce branca no campo e ganha novas formas sob as mãos da criação de moda.
Com o tema “Trajetórias”, a coleção foi um convite a revisitar os caminhos da moda — do solo à passarela, da semente à peça final. Alexandre Herchcovitch, Aluf, Amapô, David Lee, Fernanda Yamamoto e Weider Silveiro apresentaram seis looks cada, todos em algodão 100% rastreável, cultivado com responsabilidade em 82 fazendas, por 61 produtores, em seis estados brasileiros. Tecidos vindos de indústrias como Cataguases, RenauxView, Santana Textiles, Vicunha, Dalila e Fio Puro compuseram um mosaico de texturas e intenções, costurando sustentabilidade e design em uma mesma trama.
“Queríamos contar as histórias das pessoas por trás das roupas”, disse Silmara Ferraresi, gestora do movimento e diretora de Relações Institucionais da Abrapa, a VEJA. E foi exatamente isso que se viu: um desfile que transformou dados e certificações em emoção estética, traduzindo a rastreabilidade em poesia têxtil.
O preto, escolhido por Martinez como fio condutor, uniu as diferenças, mas sem apagar as individualidades. Em um gesto de respeito, os seis criadores — três homens e três mulheres — encontraram um equilíbrio raro entre liberdade criativa e harmonia visual. A sobriedade da paleta revelou a potência da fibra natural, permitindo que o algodão falasse por si só: em alfaiatarias desconstruídas, drapeados esculturais, volumes, laços, camadas e cortes que respiravam leveza, e acima de tudo, propósito.
Silmara reforça que “a unidade entre os seis estilistas tem a ver com a identidade do Sou de Algodão, que engaja a cadeia têxtil de ponta a ponta — do produtor ao consumidor final”. A fala da gestora ecoa a essência da apresentação: uma celebração da rastreabilidade do algodão brasileiro com certificação socioambiental, que hoje cobre 80% da produção nacional e caminha para alcançar 100% até 2026, com uma plataforma aberta à transparência total.
Trajetória, responsabilidade e manifesto
Na passarela, o preto se fez manifesto. Era festa e consciência, como definiu Martinez — “um black tie simbólico para celebrar os 30 anos da semana de moda paulistana”. Mas também era futuro: um convite para pensar a moda como uma rede de colaboração, onde cada fio importa, cada história conta e cada peça carrega o peso leve da responsabilidade.
Como dizia Coco Chanel, “a moda não é algo que existe apenas nas roupas; está no ar, na rua, tem a ver com ideias, com o modo como vivemos”. No caso do Sou de Algodão, está também no campo, na ética e na escolha consciente de cada trajeto percorrido até chegar ao corpo. No fim, o que se viu foi um movimento de fé na fibra — na que veste, na que une, na que transforma em tempos que as trajetórias da moda querem durar dentro da maior transparência possível.
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