Quem é a opositora que está tirando o sossego de Bolsonaro
Deputada Federal está sendo rechaçada por bolsonaristas nas redes

Tudo começou na cidade americana de Tulsa, em Oklahoma, em junho de 2020. Na ocasião, críticos de Donald Trump, que concorria à eleição presidencial, esvaziaram um comício do republicano após organizar um boicote via redes sociais. A tática era confirmar presença no evento e não comparecer. O resultado foi um estádio com metade da lotação e um candidato enfurecido. O protesto pacífico foi ressuscitado entre os usuários brasileiros do Twitter. Dessa vez, o alvo é a Conferência Nacional do Partido Liberal, que está marcada para o próximo domingo, 24, e vai oficializar a candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição.
A ideia ganhou força entre anônimos e famosos, que chegaram a sobrecarregar o site de retirada dos ingressos para o evento que será realizado no estádio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. Entre os que se animaram com a possibilidade de boicote ao presidente está a Deputada Federal Tabata Amaral, do PSB. Em sua conta, ela compartilhou um poste incitando os seguidores a participarem do protesto. Pouco tempo depois o autor original deletou a postagem, que acabou sumindo do perfil de Tabata.
Agora, o nome da deputada está entre os mais comentados do Twitter. Isso porque os apoiadores de Bolsonaro alegam que a política “será corresponsável por qualquer ato de violência que venha a ser cometido pela militância de esquerda na Convenção Nacional do PL”. Apesar do caráter pacifista da manifestação, usuários afirmam que a ativista pela educação “estimulou o ódio” e cometeu crime eleitoral, o que poderia impugnar sua candidatura.
Segundo Marcelo Weick, membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), não há ilegalidade na ação de Tabata. “Não vejo, em nenhuma hipótese, crime em uma pessoa pegar um ingresso em um site aberto e não comparecer. É, sim, um ato respeitoso de manifestação política. Não tem nada de violento ou odioso”, afirma o advogado. “Na realidade, o PL transformou erroneamente uma convenção em um comício político. Convenções partidárias são atos formais de deliberação e são, em tese, restritas aos filiados votantes — e não abertas ao público”, completa Weick.