Por que uma mãe diz que não ama um filho? É o debate ascendido com um novo viral
Uma das consultas da médica, especialista em questões familiares, Júlia Rocha viralizou nas redes depois que ela fez um post contando sobre Laura (nome fictício, para preservar a paciente, segundo confirmou Júlia ao #VirouViral), uma mãe que afirmou não amar sua filha. O depoimento de Júlia mostrou uma reflexão inusitada da médica sobre o caso, o que […]
Uma das consultas da médica, especialista em questões familiares, Júlia Rocha viralizou nas redes depois que ela fez um post contando sobre Laura (nome fictício, para preservar a paciente, segundo confirmou Júlia ao #VirouViral), uma mãe que afirmou não amar sua filha. O depoimento de Júlia mostrou uma reflexão inusitada da médica sobre o caso, o que deu início a uma reflexão sobre a cobrança da sociedade em relação à maternidade.
Segundo a médica, a paciente não entendia como amor o sentimento que nutria pela filha, pois não se sentia amada pela própria mãe. Júlia, porém, confortou a aflição de Laura dizendo que todo o cuidado que ela dispensava na criação da filha era também sinônimo de carinho: “FLECHADA! Sem preparo. Sem conversa. Sem doçura. Eis uma mãe desnaturada! Má! Bruxa! Como pode ter coragem de falar uma coisa dessas!”, ironizou em seu post.
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No texto, Júlia ainda contou que a mãe da paciente pediu para ela ir ao médico pois achava que ela poderia sofrer de depressão pós-parto. A médica, porém, não confirmou tal diagnóstico.
Ouvida pelo #VirouViral, a ginecologista Patrícia Varella concorda: “Afirmar que se trata de depressão pós-parto é um erro de conceito muito grande já que a criança têm quatro anos. A depressão pós-parto é transitória, e em geral dura cerca de seis meses, porque acontece por um desbalanço hormonal logo depois do nascimento do bebê”. Segundo Patrícia, o caso de Laura parece ser psicológico: “A paciente aparenta um quadro de síndrome depressiva crônica, a ser esclarecida”, explicou.
Empatia
O psicólogo Simon Baron-Cohen, da Universidade de Cambridge, explica em seu livro The Science of Evil (A Ciência do Mal, em tradução literal), que o ambiente no qual o indivíduo cresce pode afetar diversas áreas da vida. Inclusive, chega a gerar uma falta de empatia pelo próximo.
Um caso extremo citado pelo autor é o de uma mulher que assassinou suas duas filhas, como forma de afetar o ex-marido que estava em um novo relacionamento. Apesar de não ser diagnosticada com nenhuma doença mental, Cohen afirmou que ela teve um momento de falta de empatia, o que ele chama de “distúrbio empático”.
É importante lembrar, entretanto, que esse não parece ter sido o caso de Laura, de acordo com Júlia: “Você foi capaz de sofrer a dor da internação da sua filha, de se preocupar com a alimentação, com a roupinha, com o cabelo, com o perfume. Você já ama sua filha. Ninguém faz isso sem amor.”
Em última instância, é preciso compreender que, pelo óbvio, seres humanos são diferentes. Em muitos casos, uma mãe simplesmente não consegue atender aos padrões e às exigências estabelecidas a ela pela sociedade. Novamente, isso não necessariamente representa uma suposta falta de amor.