Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99
Imagem Blog

#VirouViral

Por Duda Monteiro de Barros Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Como surgem e se espalham os assuntos mais comentados da internet

Menina é dita ‘a mais bonita do mundo’. Isso é bom?

Perfil gerido por mãe da modelo-mirim Anastasia tem mais de meio milhão de seguidores. O impacto da exposição na vida da criança volta à pauta

Por Luísa Costa Atualizado em 4 jun 2024, 17h31 - Publicado em 7 dez 2017, 08h34

A garotinha russa Anastasia Knyazeva, de 6 anos, está dando o que falar no Instagram. Com mais de 534.000 seguidores, é a principal figura da página gerida por sua mãe Anna trazendo os trabalhos da modelo-mirim para marcas russas, como a de roupas infantis Chobi Kids.

Já alardeada como a “garota mais bonita do mundo” pelo tabloide britânico Daily Mail, Anastasia está sendo alvo de muitos comentários elogiosos, e outros “problematizadores” (“Por que ela é a garota mais bonita do mundo? Só porque tem olhos azuis”?).

Design sem nome (1)
(Reprodução/Instagram)

A pedagoga Elizabeth Monteiro, autora do livro Criando Filhos em Tempos Difíceis, desaconselha fortemente tal exposição em tempos de redes sociais, e atenta para o respeito. Para que seja utilizada a imagem de um adulto, por exemplo, é necessário que ele autorize. Uma criança não tem como autorizar e nem tem maturidade para isso, ressalta a pedagoga, e cabe aos pais protegê-la. E as crianças tendem a querer agradar os pais e a acatar suas escolhas. “Não é saudável”, acrescenta.

A psicóloga Patricia Spada, especialista em vínculos entre pais e filhos, lembra também que é necessário distinguir o que é o desejo da criança e o que é o desejo da mãe. No caso do perfil da Anastasia, ela identifica um desejo materno. “Isso pode atrapalhar a criança no discernimento entre o que é íntimo e o que é público”, explica, e completa: “em algumas fotos ela parece uma boneca, uma menina de 6 anos, em outras já parece uma mocinha, e existe o risco de atrapalhar como ela se situa no mundo, quem ela é, que idade ela tem, o que ela pode ou não fazer.”

Continua após a publicidade
Mis Sunshine
Cena do filme ‘Pequena Miss Sunshine’ (Reprodução/Instagram)

Os limites no mundo são uma questão crucial, mas o impacto na autoestima dos jovens, também. Spada frisa que as fotos de Anastasia são “hipnóticas, lindíssimas, que captam o sujeito”… Mas, quando crescer, quando passar por mudanças físicas incontornáveis, o que acontecerá? “Se ela não tiver sua autoestima bancada pela família, que digam que ela tem muito valor, que ela é muito capaz, isso pode ter desdobramentos negativos na capacidade da criança de resolver os próprios problemas. A beleza não banca tudo e ela precisa desenvolver outras aptidões”, pondera.

Monteiro também lembra dos efeitos que essa atenção à beleza de Anastasia pode ter nos colegas – e na sociedade como um todo: “Cria-se uma criança-conceito, como se a beleza fosse a coisa mais importante na vida. É uma idealização apenas. Vai criando mais na sociedade a cultura hedonista de que só o belo e o perfeito têm valor”.

Continua após a publicidade

 

View this post on Instagram

A post shared by Настя Князева (@knyazeva_anastasiya_official)

thylane

Após conferir o título à garotinha, logo foi lembrado o nome da “menina mais bonita do mundo” anterior: a francesa Thylane Blondeau, que aos 10 anos era comparada a Brigitte Bardot e, em 2011, ilustrou com maquiagem pesada e decote profundo a capa da revista Cadeaux – sendo centro de uma grande polêmica sobre sexualização infantil.

Continua após a publicidade

Os tempos eram outros e as “stories’ do Instagram, por exemplo, ainda não eram uma realidade nos consultórios de psicologia infantil. A psicóloga Patrícia Nolêto relata a dificuldade de atender crianças e adolescentes na era das redes sociais: “Antigamente, tirávamos fotos, fazíamos álbum e compartilhávamos com pessoas próximas. Ainda não sabemos como vai ser para a geração que nasceu nesta realidade ‘filtrada’, que não entende que o que é exposto é um recorte. As mães que vêm aquilo entram em disputa. Os adolescentes pensam que os outros sempre se divertem mais que eles.” 

Ademais, a sexualização deixa mais latente a questão da segurança. “A gente sabe o que é manifesto em comentários, seja bom ou mau, mas e o que está oculto?”, questiona Elizabeth Monteiro. “O que está na cabeça de pessoas que fantasiam com a criança? Qualquer tipo de fantasia, sexual ou não? A mente humana pode ser muito perversa”, conclui .

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.