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Vernissage

Por Vitoria Monteiro de Carvalho Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Arte e cultura ao redor do mundo. Vitoria Monteiro de Carvalho é historiadora da arte com mais de 5 anos de experiência no mundo da arte, trazendo uma perspectiva jovem e apurada.

Os vestidos que viraram obras de arte

Exposição no museu francês explora o universo da alta costura e mostra seu impacto cultural

Por Vitoria Monteiro de Carvalho
Atualizado em 10 mar 2025, 23h11 - Publicado em 10 mar 2025, 23h07

Em mais de 200 anos de história, este ano o Museu do Louvre em Paris abre sua primeira exposição dedicada à moda. A metros de distância de algumas das principais marcas de alta costura do mundo, a exposição, intitulada Louvre Couture, é um marco histórico para o mundo da arte e da moda. A mostra conta com 100 roupas de acervos de 45 marcas diferentes, e que por si só são verdadeiras obras de arte. A exposição não é uma simples exploração da história da moda, mas sim uma imersão em um mundo de inspirações, onde 45 designers se inspiraram em obras de arte para realizar suas criações mais extraordinárias. A coleção permanente do Louvre tem mais de 500 mil obras, sendo que 35 mil estão expostas ao redor do museu. Porém, a maioria dos visitantes vão direto às obras mais conhecidas, como a Mona Lisa, e frequentemente negligenciam milhares de outros tesouros da humanidade espalhados pelos salões do Louvre.

Grande parte das exposições utiliza um formato onde as galerias são reservadas somente para expor as obras da mostra em questão. Por sua vez, Louvre Couture convida os visitantes a explorar a moda através da coleção de artes decorativas do museu, incluindo tapeçarias, peças de porcelana e móveis desde a Idade Média até o final do século XIX. A exposição não tem uma ordem pré-estabelecida, sendo assim um passeio não linear e não cronológico pelos 9 mil metros quadrados dos salões do museu. De acordo com o curador da exposição, Olivier Gabet, estas obras de arte decorativas excepcionalmente ornamentadas podem ser ‘intimidadoras’ para um público mais jovem, e que a moda é ‘universal e acessível’, podendo funcionar como uma ponte entre o público e a cultura clássica representada no Louvre. Portanto, esse formato original e o diálogo com a moda permite que o museu conquiste o interesse de um novo público. Porém, a exposição não se limita a somente conexões visuais entre arte e moda, mas também revela como a história da arte inspira designers de moda. Através de dois exemplos entenda como essas conexões são feitas de forma sutil:

1- Vestido Dior, Outono/Inverno 2018-2019

Criado por Maria Grazia Chiuri, este vestido de seda contém não apenas uma simples estampa, mas homenageia as tapeçarias medievais típicas do século XV, chamada millefleurs (mil flores) por conta da predominância de motivos evocando flores e plantas que preenchem o fundo da cena retratada na tapeçaria. O relacionamento da Dior com o Museu do Louvre vai além de uma inspiração artística – o estilista Christian Dior era grande admirador da arte do século XV – em 2020 a marca assinou uma parceria com um Louvre para apoiar a restauração do Jardim de Tuileries, que fica na frente do museu.

Peça número 17, Vestido Dior por Maria Grazia Chiuri, 2018-2019
Peça número 17, Vestido Dior por Maria Grazia Chiuri, 2018-2019 (Vitoria Monteiro/.)
Tapisserie Millefleurs : concert champêtre
Artista anônimo, tecido provavelmente Flandres ou Norte da França, Tapeçaria millefleurs: concerto campestre, circa 1500, lã e seda, Coleção do Museu do Louvre, Paris (Museu do Louvre/Divulgação)
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2- Vestido Iris van Herpen, Outono/Inverno 2018-2019

A estilista holandesa Iris van Herpen deu o título ‘Syntopia’ para sua coleção Outono/Inverno 2018-2019, que celebra novos universos e corpos criados a partir da junção de elementos orgânicos e inorgânicos. O vestido abaixo se conecta com a cronofotografia, uma técnica inventada no século XIX e precursora do cinema, onde o fotógrafo captura uma sequência de imagens mostrando o deslocamento de um corpo ao longo do tempo. Este vestido evoca o movimento e a leveza de uma ave, criando um contraste com a arquitetura e a decoração do salão, que são marcadas pela predominância de cortinas pesadas e candelabros extravagantes — detalhes típicos do Segundo Império francês (1852-1870). Apesar do contraste, a noção de movimento e a referência a cronofotografia presentes no vestido de Iris van Herpen também se relaciona com os diversos espelhos no salão, que refletem os objetos infinitamente. De acordo com Iris van Herpen, os objetos da coleção do Museu do Louvre fazem com que a estilista se perca no tempo, e vê aspectos das emoções humanas incorporados nas obras de arte.

Peça número 98, Vestido Iris van Herpen, 2018-2019 (Vitoria Monteiro/.)
Screen Shot 2025-03-07 at 5.07.20 PM
Etienne-Jules Marey, [Bird in Flight], 1886, impressão em albúmen prata, Coleção Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque (Metropolitan Museum of Art/Divulgação)
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Além das várias conexões sutis entre a moda e a história da arte, alguns trajes são numerados de acordo com as marcas que representam. Por exemplo, a peça número 30 na exposição, um vestido Dior, faz referência à primeira loja da marca, localizada na 30 Avenue Montaigne. Além disso, a peça número 5, um traje Chanel, remete ao famoso da marca, o Chanel No. 5.

Na última terça-feira, dia 4 de março, em homenagem à exposição, o Louvre organizou um jantar de gala chamado Le Grand Dîner du Louvre para arrecadar fundos para a preservação de sua coleção permanente. Várias celebridades importantes no mundo da moda estiveram presentes, como Anna Wintour, Kelly Rutherford, Michelle Yeoh, Charlotte Casiraghi e Carla Bruni, vestindo marcas representadas na exposição. Mais de 1 milhão de euros foram arrecadados, e 30 mesas foram vendidas.

A exposição Louvre Couture não se limita a uma comparação entre moda e arte, mas oferece uma experiência encantadora que destaca a criatividade das artes decorativas e da moda, mostrando que também é possível apreciar obras de artes mais clássicas e tradicionais de forma atual, onde texturas, brilhos e glamour se encontram. Como afirmou o curador Olivier Gabet: “museus são casas de conhecimento, mas também lugares de prazer e diversão.”

A exposição está aberta desde 24 de janeiro e ficará em cartaz até 21 de julho de 2025.

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