Um pai brutal e seu filho gay conduzem drama ‘Falling – Ainda Há Tempo’
Com Viggo Mortensen no elenco e na direção, filme observa os limites dos laços familiares quando filho precisa cuidar do pai idoso arredio

A solidão de sua fazenda no Norte americano e os primeiros sinais da demência só fizeram piorar o temperamento bruto e amargo do velho Willis (Lance Henriksen). E ainda assim, apesar de ter suportado toda uma vida de desprezo, insultos e comportamentos erráticos nas mãos do pai — por ser gay e por toda e qualquer coisa —, o filho John (Viggo Mortensen) o leva consigo para sua casa na Califórnia, onde sabe que seu marido, Eric (Terry Chen), será também alvo de ofensas, e a filha pré-adolescente dos dois transformada em cúmplice involuntária de atrevimentos e desfeitas. Sempre um ator excepcional, Mortensen acumula aqui a função de diretor estreante com uma história de dedicação filial quase sobre-humana, sustentada apenas pelas lembranças de uma curta infância de felicidade; com sua truculência, Willis (na juventude, interpretado pelo sueco Sverrir Gudnason) cedo desfez a família, ao levar sua mulher, a luminosa Gwen (Hannah Gross, radiante) a deixá-lo. Em uma participação pequena porém fulminante, Laura Linney é a irmã que encarna a fragilidade deixada como saldo por um dos pais mais distantes da possibilidade de redenção já vistos em um drama familiar. Em cartaz nos cinemas.