Talento de Deneuve e Frot faz valer ‘O Reencontro’
Longa do francês Martin Provost fala sobre traição, amizade desfeita e sentimentos que sobrevivem, apesar das decepções

É sem muitos preâmbulos que Béatrice (Catherine Deneuve) telefona para Claire Breton (Catherine Frot), depois de mais de trinta anos desaparecida. Desde que a madrasta sumiu da vida da enteada, ela passou por maus bocados: o pai se matou, amargurado, e ela se viu forçada a crescer apenas com a mãe, uma mulher intratável. O Reencontro, portanto, não será fácil. Mas Deneuve (um monumento do cinema francês, de filmes como o clássico A Bela da Tarde) e Frot (do ótimo Marguerite) o tornam palatável para o espectador.
Béatrice reaparece como se não soubesse de nada, embora o pai de Claire, Antoine Breton, fosse um nadador famoso, campeão olímpico francês com perfil na Wikipédia, como faz questão de assinalar a ex-enteada, incrédula diante da alegada ignorância da madrasta. Se Béatrice mente ao dizer que é pouco familiarizada com a internet — pouco depois, ela vai mostrar que usa, sim, a rede, ao pesquisar caixões para o seu enterro –, cabe ao espectador decidir.
Um dado, porém, o fará ter piedade da personagem, e não se trata apenas da simpatia ou da beleza de Catherine Deneuve: ela tem um tumor na cabeça que, segundo os médicos, vai abreviar a sua vida. É esse curto período que possivelmente resta a Béatrice que ela e Claire, uma parteira de coração mole, têm para tentar se entender.