Pinóquio de Del Toro ganha tom político ao explorar opressão fascista
Cineasta mexicano se aproxima do clima crítico do texto original ao transpor a história para a Itália do ditador Benito Mussolini
Pinóquio por Guillermo del Toro (em cartaz; na Netflix a partir de 9 de dezembro) O boneco de madeira Pinóquio está apaixonado pela vida que lhe foi dada inesperadamente. Como toda criança, ele quer correr, cantar e brincar, mas seu jeito travesso não pega bem na opressora Itália do ditador Benito Mussolini. O verbo obedecer ronda o boneco: das advertências de seu pai, Gepeto, amedrontado pelas autoridades, ao slogan fascista “Crer, obedecer e combater” estampado nos muros do povoado onde vivem. Ao adicionar o fundo histórico dilacerante, o cineasta mexicano Guillermo del Toro aproxima o filme de sua versão original: no texto do italiano Carlo Collodi (1826-1890), a violência e a desigualdade rondam as desventuras do boneco que queria ser gente. Nesta belíssima adaptação, Del Toro vai além: em um mundo oprimido, o boneco destoa dos humanos tratados como marionetes.