Jack White: o tradicionalista brinca com o hip-hop — e com o teremim

O cantor e guitarrista americano Jack White sempre foi visto como uma espécie de restaurador da música de seu país: fez incursos por gêneros tradicionais como blues e country, patrocinou um documentário de Ken Burns sobre gêneros populares e ajudou na construção do Museu Stax, dedicado ao soul, em Memphis. Mas ele é igualmente capaz de ousadias modernas, como prova Boarding House Reach (Sony; disponível em plataformas de streaming). A ótima faixa de abertura, Connected by Love, é um rock de arena, estilo familiar à guitarra desvairada de White. Mas o disco traz flertes com o hip-hop, a música latina e o soul. Corporation é um funk pesado, com solos de clavinete (aquele teclado usado por Stevie Wonder em Superstition), congas e gritos primais inspirados em James Brown. Respect Commander soa como uma improvisação que aos poucos vai tomando forma — e aqueles que veem em White um possível sucessor de Jimmy Page vão delirar com o uso, nesta música, do teremim, instrumento que o guitarrista do Led Zeppelin utilizou em Whole Lotta Love e No Quarter.

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