Drama de Mia Hansen-Love une Ingmar Bergman e pitadas autobiográficas
Dirigido pela cineasta francesa, e ex-companheira de Olivier Assayas, "A Ilha de Bergman" se passa em Fårö, recanto do autor de "O Sétimo Selo"

A Ilha de Bergman (Bergman Island, França e outros quatro países, 2021. Já em cartaz nos cinemas) O murmúrio do mar, o farfalhar das árvores, a casa espartana mas cheia de luz: Chris (Vicky Krieps) considera opressivas a calma de Fårö e a ideia de completar seu roteiro no lugar que foi o reduto de Ingmar Bergman. Já seu marido, Tony (Tim Roth), acredita que o cenário é estimulante. Cineasta convidado para o diminuto festival de verão da ilha sueca, ele é apaixonado pela obra de Bergman. Mas, enquanto Tony abraça a arte não raro cruel do diretor de O Sétimo Selo, Chris se pergunta se ela existiria se os filhos tivessem ocupado algum espaço na sua vida. Há muito de abertamente autobiográfico no filme da francesa Mia Hansen-Løve, ex-companheira do diretor Olivier Assayas, mas pouco de bergmaniano: o contraste entre a Fårö real e a ilha desolada da imaginação é parte da leveza e da inteligência dessa história que a certa altura se dobra sobre si mesma, quando Chris narra para Tony o roteiro no qual dois antigos amantes (Mia Wasikowska e Anders Danielsen Lie) se encontram na ilha — e então dobra-se de novo em uma reviravolta final tão luminosa quanto inquisitiva.