‘Deserto’: um dia é do caçador e o outro, da caça
Poderia se beneficiar de mais sutileza, mas a maneira como o filme se desenvolve no seu cenário é impecável

(Desierto, México/França, 2015. Já em cartaz no país) O caminhãozinho em que os mexicanos viajam quebra no meio do nada; a alternativa é conduzi-los a pé, sob o sol inclemente, até a fronteira com os Estados Unidos. Uma parte do grupo fica para trás — e é o que salva Moises (Gael García Bernal) e seus companheiros, nesse primeiro momento, da mira de um sujeito (Jeffrey Dean Morgan) que se ocupa de achar trilhas de ilegais no deserto e então alvejá-los, um a um, com um rifle de precisão. Dirigido por Jonás Cuarón, filho do cineasta Alfonso Cuarón (de Gravidade), Deserto é uma espécie de Encurralado — o estupendo filme de estreia de Steven Spielberg — com agenda política. Poderia se beneficiar de mais sutileza, mas a maneira como se desenvolve no seu cenário é impecável. Além de ser apropriado também o seu recado, de que nem todo dia é do caçador — às vezes, é da caça.