Da abolição até hoje: Museu Afro Brasil recebe três exposições
Com visitação até julho, mostras envolvem escravidão, artes afro-brasileiras e objetos populares da história de São Paulo
O Museu Afro Brasil está com três novas exposições, que ficarão em cartaz até julho. É a primeira vez que Emanoel Araújo, fundador, diretor e curador do museu, participará como escultor de uma mostra de sua própria curadoria. Conheça um pouco de uma das três:
Geometria Afro-Brasileira e Africana
A exposição conta com mais de 200 obras de artistas como Rubem Valentim, Almir Mavignier e Owusu-Ankomah, ganense conhecido em toda a Europa, que já realizou uma exposição no Museu Afro Brasil, a Africa Africans, em 2015.
A arte africana se identifica com a geometria, não da maneira cartesiana como se dá no Ocidente eurocêntrico e, muito menos, como escola ou linguagem. Ela está presente em variadas manifestações artísticas, desenhadas nas máscaras, nos corpos escarificados, nos tecidos Kubas do Congo ou nos tecidos de Gana, como nas finas cascas de árvores dos Bambuti do Congo.
Trajetos e Trejeitos de São Paulo
Manuscritos, fotografias e esculturas integram as quase 250 obras que constituem a exposição A Quem Interessar Possa – Trajetos e Trejeitos de São Paulo, que traz uma representação da cidade de São Paulo, através de artistas como Aldemir Martins e Antonio Henrique Amaral.
A curadoria tenta transmitir a energia e as vibrações da metrópole em uma viagem saudosista por seus 463 anos, por meio de objetos históricos como molduras produzidas pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo e outros conhecidos de consumo popular, como discos de vinil, mapas antigos e cartões postais.
1888
O ano que marcou a abolição da escravatura no Brasil dá nome à terceira exposição temporária do Museu Afro Brasil. Com 1 200 fotografias de congadas e 14 esculturas em ferro, entre outras obras do artista Ferrão, a exposição é descrita por Emanoel Araújo como “a reparação de mais de trezentos anos de sangue derramado, de dor, de sofrimento, de brutalidade, de inconsciência, de terror, de marcas tão terríveis que parecem que nunca serão saradas”.
Ainda há outras obras, como oratórios feitos a partir da reciclagem de caixas de papelão, representando sete orixás.
As três exposições estão abertas para visitação até 9 de julho no Museu Afro Brasil, em São Paulo. Ele fica dentro do Parque Ibirapuera, com acesso pelo Portão 10. O horário de funcionamento é de terça a domingo, das 10h às 17h. Os ingressos custam 6 reais (inteira) e 3 (meia). Aos sábados, a entrada é gratuita.