Benjamin Booker, o soul de pegada punk
Novo disco do músico reveste melodias com guitarras distorcidas e arranjos ‘sujos’


Cantor e guitarrista de Nova Orleans, Booker já foi definido como o encontro de Otis Redding (um dos maiores soulmen dos anos 60) com uma banda de punk rock. Faz sentido. Embora tenha o canto rasgado típico dos intérpretes da soul music, Booker opta por revestir suas melodias de arranjos “sujos” e guitarras distorcidas. O processo de composição de Witness, seu segundo disco, iniciou-se com uma viagem ao México. Mas ele acabou sendo mais impactado pela comoção social e política no país às vésperas da eleição de Donald Trump e pela proposta do hoje presidente americano de construir um muro para separar os Estados Unidos do México. No punhado de ótimas músicas criadas sob esse impacto, All Was Well é a que faz referência direta ao muro. Mas Booker está longe de ser monotemático. Fala sobre racismo na faixa-título, que tem participação de Mavis Staples, figura lendária do soul. Em Overtime e Believe, o tema é a fé. Menos retrô que no disco de estreia, de 2014, ele agora se vale até de batida eletrônica na ótima Right on You.