‘A Gorda’: amargura e humor fino
Primeiro romance de Isabela Figueiredo tem base autobiográfica: como a autora, protagonista nasceu na África e lutou com a balança desde a adolescência


Nascida em Moçambique, em 1963, Isabela Figueiredo fez parte dos “retornados” — portugueses que voltaram à terra dos antepassados depois da independência das colônias africanas. Cadernos de Memórias Coloniais (que também será publicado no Brasil pela Todavia), relato corrosivo da experiência portuguesa na África, consagrou-a como escritora. A Gorda (Todavia; 208 páginas; 49,90 reais ou 34,90 em versão digital), seu primeiro romance, tem uma base autobiográfica: Maria Luísa, protagonista e narradora, nasceu na África. E, como a autora, foi gorda desde a adolescência, até fazer uma cirurgia bariátrica em idade madura. O isolamento na escola, o primeiro e marcante amor, a rejeição da própria imagem no espelho — a personagem relata todas essas situações às vezes com amargura, mas sempre com um fino humor que preserva a narrativa de qualquer traço autoindulgente. É um livro em que, como adverte uma nota prévia, tudo é “mera ficção e pura realidade”.