‘Vovó Musa’ do carnaval, de 62 anos, lamenta onda de harmonização
Paisagista Paula Bergamin, da Vila Isabel, levanta a bandeira do poder feminino e maduro no samba
Em tempos de etarismo exacerbado, Paula Bergamin, 62 anos, também conhecida como “Vovó Musa da Vila Isabel”, mostra que não há idade que limite a paixão pelo carnaval. Em conversa com a coluna, a paisagista, moradora de Ipanema, zona sul do Rio, figura como representante do combate ao preconceito etário, levantando a bandeira do poder feminino e maduro no meio da folia. “Fico feliz em estar bem comigo aos 62 anos. Hoje, com tantas mensagens de carinho, de apoio e até pedidos de ajuda para melhorar a autoestima, percebi que tenho ajudada as mulheres a se sentirem mais confiantes, a se aceitarem e se amarem como são. A idade não pode decretar o fim de nada, não estamos mortas, estamos vivíssimas e mais poderosas do que nunca”, diz Paula que desfila sob os olhares atentos do namorado.
Avó de cinco netos, ela só aprendeu a sambar há dez anos, sendo os cinco últimos só na Vila. Hoje, não abre mão da vaidade. “Fiz uma mini lifting aos 53. E quando comecei a sambar emagreci muito, com isso senti o rosto mais flácido. Como minha primeira filha ia casar, decidi fazer uma plástica. Ficou muito suave, tipo uma refrescada, adorei. também fiz as mamas. Depois de amamentar, meus seios ficaram sem o volume que tinham antes, então coloquei prótese. Não sou a favor dos exageros”, entrega ela, que malha diariamente e faz aulas de samba três vezes por semana.
Suas dicas de saúde e disposição? Ela tem na ponta da língua: “Tenho alguns cuidados básicos, por exemplo, não tomo sol no rosto, uso sempre filtro 50 e vitamina C pura. Agora ser feliz, alegre e de bem com a vida embeleza, acho que este é um dos segredos. Assim como ter também uma vida saudável, comer bem”.
Paula só muda o tom quando é para falar da atual obsessão pela perfeição, que ela percebe nas gerações mais jovens. “Fico espantada, parece que ninguém está feliz com seu rosto ou corpo. Acho que a tecnologia veio para nos ajudar a mudar determinadas coisas que podem nos desagradar, mas sem excessos. As meninas de 20, 25 anos o tempo todo fazendo retoques e harmonização… Como essa geração vai encarar o envelhecimento?”, lamenta.