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Tom Farias explica por que disputa vaga de Antonio Cícero na ABL

Escritor defende modernização da política de promoção do livro no país

Por Nara Boechat Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 7 dez 2024, 10h00

Membro da Academia Carioca de Letras, Uélinton Farias Alves, mais conhecido como Tom Farias, 64 anos, agora deseja se tornar imortal na Academia Brasileira de Letras (ABL) na vaga deixada pelo poeta e filósofo Antonio Cícero, que morreu em outubro. Jornalista, escritor e crítico literário, Farias tem 18 livros publicados, incluindo os romances A Bolha e Toda Fúria, e já foi finalista do Prêmio Jabuti duas vezes: em 2009, por Cruz e Souza: Dante Negro do Brasil, sobre o poeta João da Cruz e Sousa; e em 2019, com Carolina, Uma Biografia, obra sobre a trajetória da escritora Carolina Maria de Jesus. Tom Farias conversou com a coluna GENTE sobre as expectativas da eleição, que acontecerá na próxima quarta-feira, 11.

Por que o senhor resolveu se candidatar a imortal? Sou um escritor e, dentro da função, seria alcançar lugares de representação na área da literatura. É uma das missões importantes e representativas ocupar esse lugar que a Academia proporciona. Meu propósito é conviver nesse lugar com pessoas já conhecidas, amigas, e que representam a cultura, a língua brasileira, ou seja, está nessa direção da questão da linguagem. 

O que significa para o senhor ser selecionado para a vaga? Sou membro da Academia Carioca de Letras, que vai completar 100 anos, instituição importante na literatura. Para você ter uma dimensão, fui muito bem votado na Academia Carioca, e, assim, postular a Academia Brasileira, tem muitas referências importantes, além de ter um homem como Machado de Assis, fundador e patrono. É importante ditar a política do livro e da literatura. Esse é o caminho. E tem o diálogo intelectual nessas instituições, como a gente pode falar sobre o que pensamos em termos de Brasil, também com relação ao livro, à leitura, à democratização e promoção da leitura. Tenho ideias para contribuir com a Academia nesse sentido, é o espaço ideal para que a gente possa compartilhar pensamentos.

Acha que a Academia tem se modernizado? Sim. Tem um trabalho forte e representativo. Fazendo só um recorte aqui: a eleição do Ailton Krenak é muito representativa. O primeiro indígena acadêmico que se conhece. A Academia tem se modernizado com relação à questão da língua e literatura. Os eventos hoje são importantes, porque discutem o país e trazem a literatura como veículo, colaborando com a democracia.

Uma pesquisa recente mostrou uma perda de sete milhões de leitores nos últimos anos. Como o senhor vê isso? A leitura mudou muito. Sou de uma época que, para fazer uma pesquisa sobre trabalho escolar, você tinha que ir para a biblioteca, esperar em uma fila para alguém terminar o trabalho. Isso mudou. A leitura ficou mais dinâmica, está além da ideia do livro na forma física. É necessário que a gente pense o Brasil pelo lado da modernidade, nada parecido com minha época de juventude. A gente fazia curso de datilografia, hoje ninguém mais imagina isso, o celular está aí para provar as coisas estão em termos de comunicação. Por outro lado, o Brasil deve fazer uma modernização da política de promoção do livro no país. 

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Pode dar um exemplo? Você tem, por exemplo, muitos impostos, como está caro o papel, o processo industrial do livro… Isso afasta muito o consumo de leitura. O processo da queda de leitores advém dessa política que precisa ser reformulada, tem que ter uma política administrativa do livro, tem que fazer uma reforma. Ainda há a questão da diminuição de bibliotecas. Hoje, dificilmente uma cidade com 100 mil habitantes tem livraria no Brasil. 

Como o escritor pode ajudar a mudar esse quadro? O escritor já faz muito e tem feito, além do esforço mental, o esforço físico para que o livro alcance o seu público e se transforme em instrumento, não só de lazer, mas de conhecimento. Sou do tempo que, quando se falava em escritor, possivelmente eles estavam mortos. Hoje, não. O escritor de hoje é um ser ativo, espécie de ativista – partem dele as ações de promoção à leitura e a divulgação dos livros, na maioria das vezes.

Como você enxerga a diversidade na ABL?

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Todo clube é diverso, para início de conversa. No caso da ABL, ela começou sendo fundada por uma diversidade de homens (faltaram as mulheres, que lhe dariam outro porte). No caso dos negros, alguns já a fundaram em 1897, notadamente Machado de Assis (1839-1908) e José do Patrocínio (1859-1905). Com lupa, outros poderiam ser citados, mas aleatoriamente, talvez mais dois ou três – assim como os de sangue indígenas, que também os houve nesse primeiro time. Portanto, olhando a Academia com os olhos de hoje, podemos dizer que é diversa – há mulheres, diferente de sua fundação; há indígena, o grande vulto do Aílton Krenak – e há o Domício Proença Filho e Gilberto Gil.

Também concorrem a esta vaga Lucas Pereira da Silva, Edgard Telles Ribeiro, Sonia Netto Salomão, José Efigênio Eloi Moura, Eduardo Luiz Baccarin Costa, Ruy da Penha Lôbo, João Calazans Filho, Martinho Ramalho de Melo, Alda Nilma de Miranda, Chislene de Carvalho, J. M. Monteirás, Remilson Soares Candeia e Antônio Porfírio de Matos Neto.

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