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Tese de doutorado premiada sofre censura por esmiuçar Bolsonaro

Fabíola Mendonça de Vasconcelos fez doutoramento em Serviço Social na UFPE

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 ago 2022, 12h51 - Publicado em 19 ago 2022, 08h00

No Curso de doutorado em Serviço Social na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Fabíola Mendonça de Vasconcelos defendeu a tese intitulada Mídia e Conservadorismo: O Globo, A Folha de São Paulo e a Ascensão de Bolsonaro e do Bolsonarismo. O trabalho aborda a contribuição dada por dois jornais à ofensiva conservadora que resultou na eleição de Jair Bolsonaro como Presidente da República, nas eleições de 2018.

No dia 11 de agosto, a tese conquistou “Menção Honrosa no Prêmio CAPES de Tese de 2022” – o maior reconhecimento feito a autores de teses de doutorado no país. O assunto, entretanto, não pôde ser divulgado pelos veículos internos na universidade. O assessor de comunicação da UFPE, em mensagem enviada ao orientador da doutora, professor Marco Mondaini, citou a Lei complementar n. 64, de 1990, afirmando que “nos três meses que antecedem a eleição, o chamado defeso eleitoral, é vedada a publicidade institucional, independentemente de seu caráter eleitoreiro ou de seu teor informativo, educativo ou de orientação social”.

O caso revoltou o meio acadêmico. “É inadmissível concordar com a ideia de que uma tese de doutoramento possa ser considerada uma peça de ‘publicidade institucional’, pois, se for esse o entendimento, a própria CAPES infringiu a Lei Eleitoral ao publicar no Diário Oficial da União a premiação atribuída à autora da tese, seu orientador e o Programa de Pós-graduação onde a mesma foi defendida”, diz o orientador Mondaini.

Após publicação da nota, Bruno Pedrosa Nogueira, superintendente de comunicação da UFPE e docente no Centro de Artes e Comunicação, enviou o seguinte posicionamento à coluna: “Eu gostaria de deixar registrado que nunca, em momento nenhum, houve qualquer proibição ou veto da divulgação da pesquisa. Nossa repórter informou para a entrevistada que existe uma regra para a comunicação do serviço público durante o período eleitoral e que, caso não fosse possível publicar agora, que sairia de forma ampliada em nosso boletim de pesquisa em novembro. Conversei hoje com Fabíola, a orientanda. No entanto, Marco Mondaini, o professor orientador, não atende minhas ligações”.

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