Tati Machado: médicas explicam ‘perda rara’ de bebê em final de gestação
Karla Mazzini e Patrícia Magier falam com a coluna GENTE

Tati Machado veio a público nesta terça-feira, 13, contar que perdeu o bebê que esperava há 33 semanas. Karla Mazzini, médica ginecologista obstetra, CEO da Clínica Aphetus Tocantins, explica à coluna GENTE quais são as principais causas da perda gestacional no final da gravidez.
“São eventos raros, mas extremamente dolorosos. Mesmo com um pré-natal considerado adequado, que inclui pelo menos seis consultas médicas ao longo da gestação, além de exames laboratoriais e de ultrassonografia regulares, algumas complicações podem surgir de forma silenciosa ou repentina, levando a desfechos trágicos. Entre as principais causas estão: alterações placentárias, como o descolamento prematuro da placenta ou a insuficiência placentária, que comprometem o fluxo de oxigênio e nutrientes para o bebê; complicações no cordão umbilical, como compressões, enrolamentos ou nós verdadeiros, que podem interromper a oxigenação fetal; infecções intrauterinas, que podem ser assintomáticas e se instalar rapidamente; doenças hipertensivas da gestação, como a pré-eclâmpsia, que afetam diretamente a saúde placentária e fetal; diabetes gestacional não controlado, que pode levar a alterações no crescimento e bem-estar do bebê; e as trombofilias, que merecem atenção especial”.
Já a ginecologista Patrícia Magier, formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com 35 anos de experiência no mercado, acrescenta que as perdas gestacionais no terceiro trimestre, especialmente após 28 semanas, podem ser provocadas ainda por problemas umbilicais, como nó verdadeiro de cordão ou acidentes com o cordão umbilical. Em alguns casos, mesmo com toda a investigação, a causa pode permanecer indeterminada. Há sinais de alerta para a paciente. “Alguns sinais devem ser considerados alertas vermelhos e exigem avaliação médica imediata. Entre eles, destacam-se: redução dos movimentos fetais percebidos pela mãe; dor abdominal intensa ou contrações fora do padrão habitual; sangramentos vaginais; inchaço súbito e exagerado, dor de cabeça intensa, alterações visuais e dor em “barra” no abdome superior (que podem indicar pré-eclâmpsia ou HELLP); febre ou corrimento com odor forte, sugerindo infecções. Por isso, o pré-natal de alta qualidade e acompanhamento atento dos sinais maternos e fetais são essenciais para prevenir ou identificar precocemente riscos”, diz a médica.
Ambas salientam que a perda gestacional no terceiro trimestre é uma das experiências mais dolorosas que uma mulher pode viver. “Do ponto de vista físico, o corpo precisa passar por todas as etapas do parto e do puerpério, inclusive com produção de leite, mas sem o bebê nos braços, o que intensifica o sofrimento”, diz Karla. “No entanto, o impacto emocional costuma ser ainda mais profundo. A mulher vivencia o luto de forma intensa, muitas vezes sem o devido reconhecimento social. Sentimentos como culpa, impotência, revolta, tristeza profunda e até transtornos de ansiedade e depressão podem surgir. É fundamental que essa dor seja acolhida e validada”, continua. “A mulher precisa receber, quando necessário, acompanhamento multidisciplinar. A rede de apoio, família, equipe médica e psicoterapêutica, faz toda a diferença na recuperação e no futuro planejamento reprodutivo”, complementa Patrícia.