Spotify deve adotar medidas após denúncia de suposto racismo religioso
Empresa admitiu erro ao relacionar a Umbanda a termos como 'ritual' e 'bruxaria'

O Spotify admitiu que cometeu um erro grave ao permitir que sua plataforma relacionasse a Umbanda a termos como “ritual” e “bruxaria”, durante a campanha de retrospectiva musical de 2024. A empresa sinalizou, em audiência com o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro, que está disposta a adotar medidas reparatórias, após o episódio ser denunciado como possível caso de racismo religioso. Durante a audiência, realizada nesta terça-feira, 29, requerida pelo Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP), o Spotify comprometeu-se a estudar ações afirmativas e medidas de reparação. Ainda que não tenha sido discutida uma indenização financeira, essa possibilidade não está descartada. O procurador Jaime Mitropoulos estabeleceu um prazo de 60 dias para que as partes cheguem a um acordo. Caso contrário, o MPF continuará com a apuração dos fatos.
“A perspectiva jurídica de direitos humanos deste procedimento é de cunho reparatório. Louvamos a disponibilidade da empresa ir para uma mesa de negociação para definição dos melhores parâmetros que, de nossa parte será baseada no campo internacional dos direitos humanos”, defendeu o advogado Carlos Nicodemos. “É uma ação extremamente importante para que possamos viabilizar relações sociais e políticas em casos de intolerância religiosa. Não podemos deixar de pontuar que Spotify é uma das plataformas de maior acesso no mundo, associar termos religiosos à bruxaria estava contribuindo para o fortalecimento da intolerância religiosa. Como sacerdote e cidadão brasileiro, compreendo que os danos causados pela veiculação são irreversíveis, mas ação tomada pode servir de exemplo para outros casos como esse não aconteça”, declarou o Babalawô Ivanir dos Santos, professor e orientador no programa de pós-graduação em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC/UFRJ).