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‘Somos um país de exilados’, diz a atriz libanesa Wafa’a Celine

Protagonista do filme ‘Retrato De Um Certo Oriente’ fala à coluna GENTE sobre a guerra no Líbano

Por Mafê Firpo Atualizado em 21 nov 2024, 18h19 - Publicado em 21 nov 2024, 16h42

A atriz franco-libanesa Wafa’a Celine Halawi, 42 anos, chegou ao Brasil ainda assustada com a destruição que a guerra entre Israel e o grupo Hezbollah tem causado no seu país de origem, o Líbano. Wafa’a divulga por aqui o filme Retrato De Um Certo Oriente, adaptação do livro de Milton Hatoum, que conta a história de dois irmãos que fogem do Líbano em meio à guerra de 1949. Em conversa com a coluna GENTE, a atriz comenta suas impressões do conflito e desabafa sobre o medo iminente de uma escalada ainda mais trágica da violência atual.

Retrato De Um Certo Oriente é inspirado no livro do pernambucano Milton Hatoum. O que há de especial nessa história? Fiquei empolgada quando descobri que o filme era baseado em um livro. Sei que Marcelo estava preparando isso há muito tempo, ele diz que é uma adaptação livre do livro. Mas, quando preparávamos a personagem Émilie, fiquei empolgada para ler o livro. E ele: “Não, não, absolutamente não. Você não vai ler o livro. Não quero”. Agora entendo por que ele disse isso, porque ele não queria que eu fosse influenciada. Qualquer que fosse a minha percepção de Émilie, uma nova Émilie.

O filme retrata a história de dois irmãos que fogem do Líbano durante a guerra de 1949 e chegam ao Brasil. Como foi o primeiro contato com o país? Minha primeira parada foi a Amazônia. Não acho que você pode entender a Amazônia até chegar lá, porque você entende o que é, o que está acontecendo. O que me surpreendeu na Amazônia foi o peixe, é tão grande e tão selvagem. Fui abençoada por ir ao Amazonas, é um lugar muito particular.

É uma triste coincidência você estar em um filme que trata sobre a guerra em meio a outro conflito na vida real. Pensou sobre isso? Não acredito em coincidências, mas que as coisas acontecem por um motivo. E sim, quero dizer, Émilie e eu temos muito em comum, e temos coisas que também são muito diferentes. Ela me ensinou muito em tantos níveis, e esse filme também me ensinou muito.

Em uma das cenas, um palestino diz que foi expulso de sua terra por Israel. A que conclusão você chega sobre essa divisão? Definitivamente, não sou sionista. Tudo o que está acontecendo, tudo o que tem acontecido há muito tempo, é desumano. Para mim, deveria haver um cessar-fogo. Então poderíamos começar a ver o que fazer e quais as soluções possíveis. Já vimos na História que, quando essas coisas acontecem, os danos duram gerações.

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Na conjuntura atual, como o longa pode mostrar a violência de anos entre Líbano e Israel? O fato de o filme ser lançado ao mesmo tempo que uma nova guerra é algo poderoso. A história é de emigração e guerra. Infelizmente, como libaneses, somos um país de exilados. É como se nossos bisavós, avós, pais e agora nossa geração estivessem se perguntando: ‘devo ficar, devo partir, posso viver aqui, é seguro ou não, posso construir um futuro?’. Essas são perguntas que sempre voltam. É a história se repetindo, e é bom poder falar sobre isso com um filme.

Muitos brasileiros que vivem no Líbano tentaram voltar ao Brasil. Conheceu algum em particular? Minha professora de português, com quem eu estava durante as explosões, Natalie, é originalmente libanesa, mas viveu toda a vida no Brasil. Ela se casou com um libanês e tentou viver no Líbano. Depois da explosão, a casa deles foi destruída, e decidiram voltar ao Brasil. Tenho outros amigos que cresceram no Brasil e tentaram viver no Líbano, mas agora, quando o embaixador brasileiro perguntou quem queria deixar o país, eles estavam entre as pessoas que saíram. Estão no Rio e em São Paulo.

Chegou a perder alguém próximo? Meus pais são do sul, que está sendo fortemente bombardeado. Tivemos familiares que fugiram. Alguns dias atrás, uma casa do lado da família da minha mãe foi completamente destruída. Era uma casa histórica. Temos toda a nossa vida lá. Não é fácil simplesmente deixar tudo e começar do zero. Mas conheço muitas pessoas que têm emigrado há um tempo.

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Como é viver com a dor de saber que seu país está sendo destruído? A coisa mais dolorosa é o nível de desumanidade a que chegamos. Antes de falar sobre qualquer outra coisa, nem pensava que, em 2024, depois de tudo, deveríamos estar em um nível de consciência onde olhamos para a história, vemos os danos e como esses danos permanecem por tanto tempo. E o fato de tantas crianças e pessoas inocentes ainda estarem sendo mortas hoje, isso acontece há mais de um ano, não foi interrompido. Você tem medo pela sua família, pelas pessoas que ama. Você tem medo por todo o seu povo. 

A eleição de Donald Trump piora sua percepção sobre a guerra? Olha, a posição dos Estados Unidos tem sido bastante clara na guerra desde o início. Não acho que nada na situação atual seja muito tranquilizador. Mas vamos continuar esperando pelo melhor.

E quanto a Israel, o que pensa? Israel tem agido de forma dura há muito tempo, e não apenas no Líbano. O nível de destruição e morte que temos testemunhado não é aceitável e deveria parar. É surpreendente que ainda não tenha parado.

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Como tem entendido as atitudes do Hezbollah? Acho que minha opinião não importa. Devemos lembrar de colocar as coisas em contexto, para que possamos realmente entender a história e as razões por trás de muitas coisas. E não acho que nada é preto e branco, exceto… Temos que parar o fogo. Para mim, isto é preto e branco. Temos que parar de matar crianças e pessoas inocentes. Todo o resto é secundário.

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