Roberta Miranda: ‘Ainda há machismo, até por parte de contratantes’
Cantora fala à coluna GENTE sobre espetáculo 'Raízes Sertanejas', pelo centenário de Inezita Barroso

Roberta Miranda, 69 anos, lançou recentemente seu livro Um Lugar Todinho Meu, no qual aborda alguns traumas que vivenciou antes da fama. Ao falou ao Fantástico sobre os abusos que sofreu, a cantora relembrou que os desafios começaram durante a infância, quando o pai enfrentava problemas com bebida alcoólica e que ao sair de casa, sofreu um abuso. O tema sobre mulheres, não por acaso, segue sua trajetória desde sempre – por ser uma das pioneiras no gênero que escolheu e no qual soube tão bem se destacar.
Agora, ela presta uma homenagem a outra que fincou raízes femininas no sertanejo. O espetáculo Raízes Sertanejas encerra uma série de homenagens ao centenário de Inezita Barroso (1925 –2015), que, além de ser a primeira mulher cantora de destaque no universo sertanejo no país, durante anos apresentou o programa Viola, Minha Viola, um dos mais importantes do gênero, na TV Cultura. Em única apresentação, nesta segunda-feira, 31, no Theatro Municipal do Rio, a Orquestra Sinfônica Juvenil Chiquinha Gonzaga, composta somente por meninas, sob regência da maestrina Priscila Bomfim, apresenta sua obra com participação especial de Adriana Farias e Roberta Miranda. Nos preparativos para a homenagem, Roberta falou com a coluna GENTE sobre machismo ainda existente no meio musical.
“Ainda há machismo, só que hoje é velado. Pela rede social, se uma pessoa, uma dupla ou qualquer um do mundo sertanejo explicitar isso, ele sabe que ele é cancelado, mas a gente conhece pelos bastidores, os grandes machistas, entende? Até (incluindo os) contratantes poderosíssimos. Mas eu não estou nem aí. Amo o universo feminino e participar… Ter sido convidada para participar dessa orquestra Chiquinha Gonzaga, com essas meninas. Isso me deixa muito feliz, meninas que ainda estão em formação. Não estou nem falando musicalmente, mas para vida mesmo, estar ali com a Roberta Miranda, a Roberta Miranda está com elas, fico muito honrada. Acho que vou chorar, não sei não, porque já fiquei emocionada aqui. Ser uma mulher feminista é dar valor à mulher, brigar pela mulher, brigar pela igualdade, financeiramente, cargos, cargos públicos ou não, a mulher tem que estar muito mais do que ela hoje conseguiu. É muito difícil, a desigualdade ainda é muito difícil. A mulher tem que uma vez por todas que ela pode, ela consegue, ela é tudo. Se ela consegue ser mais de cinco pessoas em um corpo só, mãe, amiga, empreendedora, dona de casa, esposa, ela consegue ser tudo”, diz à coluna.
Serviço: Espetáculo Raízes Sertanejas / Participação especial: Roberta Miranda e Adriana Farias / Elenco: Coro Juvenil do Rio de Janeiro e as solistas Ana Neri, Brenda Lima, Brenda Pedrotti e Ella Cath / Regência: Priscila Bomfim / Local: Theatro Municipal do Rio (Praça Floriano, S/Nº, Cinelândia) / Horário: 19h / Preço: 20 reais (ingressos populares).