Quando decidir parar: despedida de veteranos da música revive questão
Alexandre Kalache, médico gerontólogo, falou com a coluna GENTE

Na turnê Tempo Rei, Gilberto Gil, 82, se despede dos palcos em grande estilo, celebrando a grandeza de sua obra construída desde 1962 na cidade natal de Salvador (BA). Recentemente, outros veteranos da música, como Milton Nascimento, 82, e o maestro e pianista João Carlos Martins, 84, também se aposentaram dos palcos. Bituca, que possui diagnóstico de Parkinson, se emocionou ao ser homenageado pela Portela no Carnaval de 2025, inclusive entrando na Avenida, na última alegoria. Já Martins marcou seu show de despedida para 9 de maio no Carniegie Hall, em Nova York. Mas quando saber a hora de parar? A coluna GENTE perguntou a Alexandre Kalache, médico especializado no estudo do envelhecimento. Eis o que ele diz:
“A idade ideal para entrar num aposento é uma crueldade. Ninguém tem que obrigar ninguém a se aposentar. Num país tão desigual quanto o nosso, é importante que se mantenha uma idade de aposentadoria, porque as pessoas não têm nenhum prazer, nenhuma satisfação de trabalho naquilo que fazem. Chegam na hora e basta. Depois vão viver com uma pensão que mal dá para os gastos. Mas para quem pode? Aproveite. Aproveite que você ainda está com saúde, conhecimentos, experiência. Você quer deixar um legado, deixar uma missão, como Gilberto Gil e tantos outros que estão aí, disseminando essa experiência, o conhecimento… Ninguém vai me mandar para o aposento. O aposento remete àquelas casas antigas, onde tinha um quarto no fundo. Estamos envelhecendo na sala da frente, cientes dos nossos direitos, sabendo que ainda temos muito que contribuir para a sociedade”.