Por que Netflix não quis classificar ‘Pedaço de Mim’ como novela
Maria Immacolata Vassallo de Lopes, pesquisadora da USP, é a entrevistada da semana no programa da coluna GENTE
Acompanhando de perto as transformações no mercado audiovisual brasileiro, Maria Immacolata Vassallo de Lopes coordena o Centro de Estudos de Telenovela, da USP. Criadora da rede de pesquisa internacional Obitel (Observatório Ibero-Americano da Ficção Televisiva), Maria é referência nos assuntos que envolvem a ficção televisiva. A entrevistada da semana no programa da coluna GENTE no Youtube e no streaming Veja+ analisa os novos formatos disponíveis na TV aberta e nas plataformas digitais.
“A Netflix não quis chamar sua nova produção de telenovela, porque o termo é da Globo, assim o público entende. (…) O público está chamando Pedaço de Mim de série, isso é interessante de observar. Em termos de convergência de formatos, a novela tem suspense, humor, vários gêneros… vários formatos. A gente está percebendo uma telenovelização das séries e uma serialização das telenovelas. Essa serialização de Pedaço de Mim é um exemplo claro de como o formato de série foi entendido dentro de uma novela melodramática de 17 capítulos. Nosso público não reconhece uma novela ali. A gente, lendo nas redes sociais, percebe coisas como ‘que série maravilhosa’. (…) A produção nacional criou um paradigma: pegou o melodrama e se baseou em realidades. As coisas que acontecem na ficção são entendidas como algo que acontece na vida real. A telenovela brasileira ‘acontece’, mesmo no realismo mágico. É algo curioso que não se repete em nenhum outro país. (…) Por isso digo que telenovela brasileira se tornou um conceito”, diz Maria Immacolata.