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Paulo Leminski na Flip 2025: ‘mais que o poeta de frases curtas’

Coluna GENTE falou com Rodrigo Garcia Lopes, autor de 'Foi tudo muito súbito: um ensaio sobre Paulo Leminski'

Por Giovanna Fraguito 6 abr 2025, 17h00

Paulo Leminski será o homenageado da 23ª edição da Flip, Festa Literária Internacional de Paraty. Conhecido por seu estilo próprio, Leminski levou a poesia às listas dos livros mais vendidos no Brasil com versos curtos, diretos e irônicos. O que alguns chamariam de pop, mas não para Rodrigo Garcia Lopes, autor de Foi tudo muito súbito: um ensaio sobre Paulo Leminski (Kotter). O livro, que foi um dos três vencedores do Prêmio da Biblioteca Nacional em 2019 na categoria Ensaio Literário, estava esgotado há dois anos. Agora saiu pela Kotter com o novo título, em edição revisada e ampliada. Neste livro temos não só a apresentação da vida do curitibano Paulo Leminski, mas a oportunidade de um mergulho na obra do criador múltiplo que, há algumas décadas, é referência para escritores, artistas e leitores brasileiros.

Paulo Leminski é conhecido como um poeta pop e esse ano será o homenageado da FLIP 2025. Acredita que é uma tentativa da Festa em se tornar mais popular? Achei uma ideia excelente. É um dos grandes nomes da literatura brasileira dos últimos 50 anos, cuja vida e obra abordei no livro Roteiro Literário – Paulo Leminski. “Popular”, sim — mas não curto o termo “pop”, que, para mim, era usado principalmente pelos detratores de sua poesia e está associado a algo descartável, como poesia de autoajuda ou efêmera como uma gota de sabão — coisa que sua poesia definitivamente nunca foi. O que há de “pop” num livro inacessível e pouco “consumível” como Catatau, sua obra-prima, muito mencionada e pouquíssimo lida, para citar apenas um exemplo? Sua obra tem densidade filosófica, referências eruditas, jogos de linguagem e rupturas formais — e ele era um artista que colocava o binômio vida e arte em tensão máxima. Além disso, foi um ensaísta formidável, um erudito, um tradutor que transitava de Jarry a Beckett, de Lennon a Bashô, de Fante a Petrônio… Seu feito foi comunicar-se com um público mais amplo sem abrir mão, na maioria dos casos, da complexidade, da invenção e da inteligência poéticas. Obviamente, a Flip deste ano tem tudo para ampliar ainda mais seu público e o entendimento de sua obra — e, com isso, ultrapassar a superfície e evitar qualquer banalização ou domesticação de sua poesia. Ele é muito mais que o poeta de frases curtas reproduzidas em redes sociais.

As poesias, com ditados populares, gírias, palavrão, conexão com a linguagem da publicidade, eram uma tentativa de diálogo “mais simples” com a população em geral? Não creio. Era parte do seu projeto poético transformar lugares-comuns em incomuns — e vice-versa. Isso ocorre em boa parte de sua poesia e também em Catatau, que completa 50 anos em 2025. Ele propõe um jogo de inteligência para o leitor. A extrema riqueza e inventividade lexical do livro não têm paralelos em português. Trata-se de uma aventura radical de linguagem que, sem perder o humor desconstrutivo, também tem o mérito de pôr em xeque a própria ideia de “sentido”, os limites da representação, e provocar nossa imaginação, chacoalhando os hábitos de leitura. Ou seja, é o oposto de simplificar algo para o leitor.

Como elas ainda são atuais em 2025? Ele continua um poeta profundamente contemporâneo, que abraça e encara a realidade com lirismo, humor, potência poética e vigor. Um poeta que não aparece todo dia, um talento brilhante interrompido quando tinha apenas 44 anos. Ele era também um poeta dos jovens, alguém que sempre dizia que era preciso ter tanta poesia no receptor (leitor) quanto no emissor (poeta). O que importa é que sua poesia vai ficar.

Leminski foi o “último grande sucesso de público da poesia brasileira”? Sim.

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