Os papéis inesquecíveis da TV, segundo cinco atores de novelas da Globo
Artistas contam à coluna GENTE personagens que marcaram a carreira

A TV Globo comemora neste sábado, 26, seu aniversário de 60 anos. No período, a emissora se consolidou como uma das maiores produtoras de telenovelas do país e marcou não só a memória do telespectador com as inúmeras histórias de drama e humor, mas também a carreira de atores. Alguns personagens ficaram eternizados na teledramaturgia – e, porque não, em recentes memes – e outros no coração dos próprios atores. Cinco artistas contam à coluna GENTE alguns dos papéis que tiveram maior impacto na trajetória na televisão.
Paulo Betti. “Para ser muito pretensioso, tem umas cinco novelas que fiz personagens interessantes. Para citar um ou dois, fico com Timóteo, em Tieta (1989), que tinha vários bordões. Todo mundo falava ‘nos trinques’. Foi o verão dos meus bordões. Aguinaldo Silva jogou no meu colo esse personagem. Foi muito bom de fazer. Estava viajando o Brasil inteiro fazendo teatro, estava energizado pelas ruas, a TV me trouxe essa popularidade toda. E outro que destaco é o Teodoro Pereira, na novela Império (2014), era um blogueiro gay. Era muito engraçado, ficou muito popular, ele fala ‘cu-ru-zes’. Fazia muitos gestos em cena. Tinha uma coisa de escorregar para baixo da cadeira, como quem quer fugir de um tema. As pessoas me param na rua e ainda hoje gritam esses bordões todos.
Claudia Abreu. “Não conseguiria falar uma. Tem, pelo menos, umas quatro [personagens] que foram profundamente marcantes. A Heloisa, de Anos Rebeldes (1992); a Clara, de Barriga de Aluguel (1990); Laura, de Celebridade (2003); e a Chayene, de Cheias de Charme (2012). E não é à toa que são as mais populares. Acho que, de alguma maneira, cada obra prestou um serviço, como Anos Rebeldes que misturou ficção e realidade. Em Barriga de Aluguel, foi uma primeira protagonista aos 20 anos e em um tema polêmico. A Chayene marcou a abertura para algo que nunca tinha feito, que é cantar, dançar e fazer um tipo de humor. E a Laura… Fazer uma vilã de Gilberto Braga é um prato cheio”.
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Guilherme Weber. “O Tony [Da Cor do Pecado, 2004], com certeza. Porque para mim, amorosamente, foi o primeiro personagem que fiz em uma novela, antes só tinha feito participações especiais. A grande identificação também do espectador com o vilão é poder deixar de lado um pouco esse lado freudiano do ego e se abraçar em uma falta de moral ou em uma moral selvagem, que é uma grande reguladora também da nossa sanidade e que cabe a ficção fazer esse trabalho. As pessoas também se projetam no vilão para fazer essa epifania e essa descarga selvagem para que a civilização possa se manter. O Tony era esse grande vilão, com uma moral ausente, mas que tinha linguagem de quadrinhos. Entrou numa galeria de personagens icônicos da TV Globo, com toda modéstia”.
Marcello Novaes. “Não consigo falar um. Todos são importantes, mas os inesquecíveis são o Raí [Quatro por Quatro, 1994], meu primeiro protagonista; o André [Vale Tudo, 1988], que foi minha primeira novela; o Max [Avenida Brasil, 2012], claro; e o Timóteo [Chocolate com Pimenta, 2003], que fiz quando os meus filhos eram bem crianças. Eles perguntaram: ‘pai, o que você vai fazer?’. Eu respondi que faria um caipira que fala com uma galinha e eles rolaram de rir. Depois disso, me veio a ideia de fazer personagem cheio de trejeitos, bem caipira. E deu super certo, foi uma novela ótima, meus filhos amaram”.
Marcos Pasquim. “Dois personagens me marcaram. Um foi o Esteban, de Kubanacan (2003); e outro foi Dom Pedro, em O Quinto dos Infernos (2002). O Esteban, porque aprendi demais com ele, era muito trabalho, toda semana a gente diversificava e fazia vários personagens. Ele não era um só, era no mínimo cinco. Isso me fez aprender demais. E Dom Pedro porque era difícil de fazer. Eu chorava várias vezes estudando. O texto do [Carlos] Lombardi era difícil, estudar aquilo era difícil. E foi em O Quinto dos Infernos que a classe artística começou a me respeitar mais. Até então, fazia só comédia, não que essa novela não seja, mas as pessoas vinham me parabenizar pelo que estava fazendo. Isso foi muito importante”.