Os artistas ignorados – alguns proibidos – em festa de 60 anos da TV Globo
Ana Paula Arósio, Toni Tornado, Marco Nanini, Christiane Torloni, Luana Piovanni, Cássia Kiss... confira lista

Contar 60 anos em pouco mais de duas horas não é tarefa das mais fáceis. Alguns nomes acabam se sobrepondo a outros que, esquecidos, chamaram a atenção do público mais atento. Foi assim na noite desta segunda-feira, 28, na festa da TV Globo. Pouca ou nenhuma menção a alguns talentos que ajudaram a fazer da emissora esta hegemonia na TV aberta deixaram uma dúvida no ar: não foram lembrados ou alguma rixa interna prevaleceu na hora de “escalar” os que mereceriam, de fato, serem mencionados?
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Como justificar, por exemplo, a ausência dos diretores Daniel Filho e Dennis Carvalho? Ou ainda de Jayme Monjardim, dono das mais belas fotografias nas tramas das 21h, mesmo atualmente desenvolvendo projetos na Band? Ou o de Wolf Maya, responsável por imprimir os sucessos do horário das 19h na década de 1990? Marlene Mattos, a diretora com mais poder dentro da Globo, ganhou uma citação jocosa esquete na qual era imitada por Paulo Vieira. Foi engraçado. Mas merecia mais. Menos sorte teve Guta Mattos, diretora de elenco por décadas, que fez a escalação de quase todos os programas da Globo até início dos anos 2000. Nem foi citada.
Outros nomes antes graúdos, que saíram recentemente da emissora, tiveram espaço de coadjuvantes. Como ignorar Barriga de Aluguel, Caminho das Índias ou O Clone, de Gloria Perez; ou A próxima vítima, Rainha da Sucata e Belíssima, de Silvio de Abreu? Se houvesse um hall da fama no Projac, os dois novelistas deveriam puxar o grupo dos autores contemporâneos.
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Sumiram do “google” dos roteiristas da festa atrizes como Maria Zilda, Laura Cardoso, Ana Paula Arósio, Christiane Torloni, Luana Piovanni, Isis Valverde, Vanessa Giácomo, Irene Ravache, Zezé Motta, Fernanda Lima, Lucélia Santos… Sem falar de Cássia Kiss. Os motivos para ficarem de fora, poderíamos apontar vários para alguns desses nomes. Cássia, pela quantidade de fakenews que divulga em suas redes sociais, não seria mesmo chamada nem para passar perto. Entre os atores, Maurício Mattar, Daniel Oliveira, Nuno Leal Maia, Toni Tornado, Marco Nanini, Mário Gomes... Quem teve coragem mesmo de se expor foi o músico Orlando Moraes, marido de Gloria Pires, que não gostou nadinha do espaço destinado à mulher (a ela, um quadro com vilãs inesquecíveis, e só). Orlando falou poucas e boas nas redes sociais.
Apelando para a nostalgia mas de olho no futuro, a emissora preferiu ignorar rostos recentes que fizeram fortuna em seus estúdios e hoje seguem em outras frentes concorrentes. Marina Ruy Barbosa e Bruna Marquezine são dois exemplos óbvios. Já Juliana Paes, que arrebatou há pouco meio mundo na Netflix, estava lá na plateia, feliz da vida em se ver no telão. Valéria Valenssa, a cara e o corpo do carnaval Globeleza por décadas, pode ter sido vítima da onda politicamente correta, que não permite lembrar a fase outrora nada pudica das telinhas.
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Por fim, a lista chega a dois nomes “santificados” na religião do audiovisual brasileiro. Fernanda Montenegro, que transita entre cinema, teatro e TV, merecia uma honraria do tamanho de sua contribuição para novelas como Belíssima, Passione, Guerra dos Sexos, Zazá, O dono do mundo… Além, é claro, de Fernanda Torres, sua filha, muito antes do feito recente no Oscar, que imprimiu um humor inesquecível por sua Vani em Os Normais. Ambas estão de férias. Mas mereciam lembranças maiores que, vá lá, Regina Duarte, defenestrada da Globo ao assumir um cargo no governo Bolsonaro, e que ganhou uma longa participação num clipe inexpressivo que remetia à novela Véu de noiva. Não, não é fácil lembrar de todo mundo. Mesmo em se tratando de quem tem o maior acervo televisual do país.