O que aconteceu a Bruna Marquezine ao criticar Bolsonaro e apoiar Lula
Em conversa com VEJA, atriz fala de seu posicionamento político

Bruna Marquezine, 27 anos, já foi chamada de “it girl”, queridinha de marcas da moda, disputada por produções de streaming e estrela de campanhas publicitárias. Mas nada disso a fez se calar diante da polarização política do país. Enquanto muitas temem perder contratos – e seguidores, Bruna desceu do muro, escolheu seu lado e foi para o ataque. Em conversa franca com a coluna, ela critica Jair Bolsonaro (PL) e reafirma o apoio a Lula (PT). Sem rodeios e cheia de argumentos.
Quais são as consequências ao se posicionar nas redes sociais? Cara, chegou um momento que não é mais novidade. Sinto que os haters já estão indo embora. E não fazem falta! Que bom que perdi esse tipo de seguidor. Alias, nem procuro saber se perdi seguidor só porque postei isso ou aquilo. No Twitter, quando me atacam por apoiar Lula, eu bloqueio. Tem uma frase que adoro: ‘Preocupar-se em perder seguidores em momentos críticos como esse, é como se preocupar se a calcinha está parecendo no meio de um incêndio’.
O que essa frase significa para você? O país na situação em que está, se preocupar com seguidor é se preocupar com algo irrelevante. A gente tem que estar preocupado em salvar nossas vidas! Eu penso: daqui a dez anos, vou ter orgulho de ter me calado (politicamente) por medo de perder contrato ou seguidor? Ou vou ter orgulho de tudo que fiz de relevante à sociedade? Quero cumprir meu papel de artista, porque todo artista tem um papel social. E eu sei dos meus privilégios.
Por que você sempre reforça que reconhece seus privilégios? Eu sei que venho de um lugar privilegiado. Mas a verdade é que esses quatro anos foram terríveis para o Brasil. Só que não posso dizer que foram terríveis para mim, pessoalmente. E a gente não pode votar só pensando nos nossos interesses, mas nas pessoas que estão passando fome, nas que são mais afetadas com tudo isso.
O que espera do próximo governo? Teve muita coisa que aconteceu nesses quatro últimos anos que me entristecem profundamente. É impossível falar de Brasil e não falar da Amazônia, me dói ver números do desemprego… É uma longa lista de coisas que a gente espera que o próximo governo repare. E é difícil fazer em quatro anos, mas que pelo menos que comece! Na área da cultura, me dói, num momento tão feliz da minha carreira, ver tantos amigos frustrados, sem incentivo algum.
Qual é a sua opinião sobre os artistas que não se posicionam? É como te falei, todo artista tem responsabilidade social. A arte é política, os artistas têm o dever de refletir a era em que vivem. Arte é manifestação política. Eu entendo o valor do entretenimento, mas há de se levantar bandeiras, ir além. Por outro lado, muitas vezes as pessoas não falam, porque não sabem nada. Então é melhor que se calem, do que falar besteira.
Você vê debates? Sim, não perco um! Acho importante. Cresci num lar que não era super politizado. A internet mudou isso, leva informação o tempo inteiro para todo mundo. Tento me nutrir cada vez mais de informação.
Por que você decidiu declarar voto em Lula? Hoje, é muito claro, nas pesquisas, que essa terceira via não vai ao segundo turno. Sabendo disso, em hipótese alguma, voto ou votei no Bolsonaro. A gente precisa fazer o que for necessário para tirar essa pessoa do poder. A única pessoa que pode fazer isso é o Lula.