O livro de contos eróticos de ex-juíza que envolve de Ivete a Alcione
Eliane Bodart é autora de ‘Bem Perto’, baseado em canções da MPB

Bem Perto é uma série de contos eróticos da escritora e ex-juíza de direito Eliane Bodart, de 56 anos. No livro que chega agora às livrarias, um clássico da música popular brasileira precede e inspira cada narrativa. A autora faz referência a artistas como Chico Sá, Caetano Veloso, Alcione, Ivete Sangalo, Cássia Eller, Maria Bethânia e Elis Regina.
Por que conectar contos eróticos com músicas? Fui convidada para participar de uma antologia de contos ‘hot’. E resolvi fazer um conto baseado na música Tô Voltando. Fiz e mandei para aprovação, quando ela recebeu [a editora], falou: ‘Gostei muito e esse encontro me lembra aquela música’. E eu falei isso mesmo, é ela. Então me veio a ideia: ‘Por que não faço um livro de contos eróticos baseados em canções?’.
Qual é a sua ligação com a música? Sou apaixonada por música, principalmente MPB. Coloco música para trabalhar, no carro… E quando as músicas tocam, alguma que te remete a um passeio, a um encontro, a uma pessoa, você tem a memória afetiva estimulada. E foi isso que quis fazer no livro de contos, que cada história tivesse por tema uma música da MPB.
Algum cantor aparece mais no livro? Chico Buarque aparece mais de uma vez. E Pedro Mariano, que estava lançando a música, e eu ouvindo muito o CD. Acabou ficando essa música como o tema do livro.
Por que escolheu MPB? Para que as pessoas entendessem a letra, para poder fazer a conexão com os contos. E combina com esse momento de intimidade, inclusive na apresentação do livro, falo para a pessoa ouvir as músicas, ler os contos, ver as fotos e de preferência com um bom vinho do lado e uma boa companhia. O resto é imaginação solta.
E como autora de contos eróticos, já sofreu algum tipo de preconceito? Eu nunca pensei que isso fosse possível. Tenho uma história por trás de escrever este livro, trabalhei com Direito por mais de 30 anos, fui juíza por 20, então a minha autoridade para escrever, não só os contos eróticos, mas com relação a ser uma escritora respeitada, vem com toda essa bagagem de vida. Mas nas redes sociais tem muita gente mal-educada. São pessoas que mandam nudes, uma conversinha mole…
Conto erótico ainda é entendido como literatura menor? Eu não digo preconceito, mas isso é desconhecimento das pessoas. Tem muita gente que entende que são histórias, que o objetivo é diversão, relaxamento, nada de pornográfico. Uma amiga vive com o livro aberto no capítulo que eu conto a história dela, ainda que a história seja feita com todo cuidado para que ela não seja identificada, mas ela se identifica [risos]. ‘Essa história é minha!’.
Você atua como conselheira para relacionamentos amorosos. Como a música ajuda no clima de um casal? Peço que o casal que esteja um pouco desconectado, que eles ouçam música e leiam um conto meu por noite, um falando e o outro ouvindo, abraçadinho. Como é um livro que mexe com os sentidos das pessoas, elas ficam mais propensas a conversar com tranquilidade sobre o assunto. E isso ajuda bastante.
