Após falar que “tiraria no tapa” trans que usassem banheiros femininos, o deputado Douglas Garcia (PSL), de 25 anos, assumiu ser gay em sessão na Assembleia Legislativa paulista. Ele explica.
Não é incoerente um gay fazer política anti-LGBT? Não sou a favor das pautas LGBT. Fui ameaçado de ter minha sexualidade exposta por ex-parceiros, não namorados — porque nunca namorei. E decidi falar. Não foi chantagem. Não sei se fui gravado em situação íntima, o que seria crime. Mas nunca mandei nudes.
Seus pais sabiam da sua orientação? Não. Contei a eles antes de expor em plenário. Meu pai é pastor da Assembleia de Deus. Não posso falar em apoio, mas ele foi receptivo.
O presidente Jair Bolsonaro, figura máxima de seu partido, o PSL, declarou no passado que filhos gays são resultado da falta de surra. Seu pai deveria ter lhe dado palmadas? O cara (Bolsonaro) tem 64 anos, passou a vida em escola militar, um ambiente viril. Concordo com ele que a escola não pode abordar educação sexual. Essas coisas se aprendem em casa.
E seu pai, ele falava sobre sexo com o senhor? Cresci em favela e meu pai é conservador. Quero falar das minhas propostas: ceder aos militares a gestão de escolas mal avaliadas e medidas para evitar a alienação parental — pois muitas mulheres colocam os filhos contra os ex-maridos.
Publicado em VEJA de 17 de abril de 2019, edição nº 2630
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