‘Não tenho medo de machucar ninguém’, diz Clarice Falcão sobre seu humor
Atriz fala a VEJA do estilo que imprime na série ‘Eleita’, produção da Amazon, e nas músicas
Clarice Falcão se prepara para lançar um novo álbum no começo de 2023, ao mesmo tempo em que protagoniza a série Eleita da Amazon. A cantora e atriz de 33 anos estreou a produção no streaming em outubro, criada por ela em parceria com Célio Porto. Sem abandonar seu lado de comédia, em Eleita, o tema principal é a política no Rio de Janeiro. Em um cenário caótico, a influencer digital Fefê, sua personagem, decide se candidatar a governadora, como piada, mas vence as eleições.
Para fazer a Fefê você teve alguma inspiração em algum político? No começo ia ser eu mesma, Clarice eleita governadora do Rio de Janeiro! Mas a gente logo desistiu da ideia, porque queria uma personagem apolítica. Ela não é nem de esquerda, nem de direita, só é egoísta.
Qual é a maior crítica da série? O valor do nosso voto, a importância que ele merece. Eu gostei de falar sobre isso em um momento tão crucial. É importante não perder a esperança. E o Eleita é um pouco sobre isso, olha o que pode acontecer se você trata seu voto como piada.
Qual cena mais gostou de fazer? O carnaval foi muito emocionante, porque a gente ficou dois anos sem, e eu sou apaixonada por carnaval. Passar por um bloco foi muito emocionante, chorei, a equipe toda era muito carnavalesca, então foi diretor chorando, figurantes chorando.
Como deixa sua marca pessoal nos seus personagens? Os artistas que eu curto têm essa característica, mesmo que as obras sejam diferentes, têm o DNA do artista. E a série é diferente de um trabalho de música, por exemplo. Em meu último disco, era eu e meu produtor, e a gente fez junto, tem um pai e uma mãe. Mas no projeto audiovisual tem muita coisa, equipe de roteiro, sua marca vai ganhando outras marcas.
Diria que sua marca é o humor autodepreciativo? É muito importante a gente saber rir da gente, não se levar tão a sério. Tem muita piada com o Rio e eu mesma coloquei coisas que eu acho ridículas em mim na personagem.
Quais as diferenças, como artista, entre trabalhar no Youtube e no streaming? As coisas no Youtube são muito mais diretas, é um processo mais curto entre mim e o telespectador. Teve um dia que eu compus uma música e lancei no mesmo dia, Badtrip, logo quando o Bolsonaro foi eleito em 2018. É imediato. Mas no streaming, da nossa ideia da série, até o lançamento, foram quatro anos.
Tem medo de fazer humor e machucar alguém? Faz parte da vida, é importante estar atento. E quando você sente que machucou alguém, e a pessoa tem razão em falar isso, a gente tem que ter a humildade e a empatia de se desculpar e entender como evitar. Não tenho medo, mas estou atenta.
E a música, quando sai álbum novo? Entrei no processo do disco 4, se tudo der certo vai sair no começo do ano que vem, primeiro trimestre. Ainda não defini tudo, deve ter em torno de 11 faixas. Diferente dos outros álbuns, eu queria trabalhar visualmente esse álbum um pouco mais. Porque sou tipo artista independente, não tenho uma gravadora para colocar grana, é um processo de eu mesma juntar um dinheiro para investir no meu próprio trabalho.