Morte na Indonésia: O alerta de especialistas para turismo de aventura
Lucas Gamonal, professor do departamento de turismo da Uerj, e Carol Capra, dona de uma agência de viagens, falaram com a coluna GENTE

A morte recente da brasileira Juliana Marins, que caiu durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, além de acidentes envolvendo passeios de balão no Brasil, trouxeram à tona os riscos envolvidos no turismo de aventura. Apesar de proporcionar experiências únicas e contato direto com a natureza, esse tipo de atividade exige planejamento, conhecimento técnico e segurança. Carol Capra, dona de uma agência de viagens no Rio de Janeiro, e Lucas Gamonal, professor adjunto do departamento de Tudismo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), falaram com a coluna GENTE sobre medidas de cautela.
Para Carol, o problema na Indonésia, antes de tudo, não pode ser associado a uma culpa da Juliana, ou das famílias que entraram no balão. “Todos nós poderíamos estar ali. Como viajante, a gente vai para um destino, chega na recepção e pergunta: ‘quais são os melhores passeios para se fazer?’. E a gente vai. E ninguém checa. A gente não tem esse hábito. Ninguém fala: ‘quero o alvará de funcionamento’. Agora, em relação a medidas, posso ressaltar a importância de uma agência de viagens séria. O nosso trabalho é indicar uma empresa checada, segura. As vezes esses passeios saem mais caros do que os oferecidos no local, mas são feitos por empresas sérias. O seguro viagem também é importante. No caso de um translado de corpo, por exemplo, maioria deles faz essa cobertura. E em qualquer país vai ter aquelas operadoras-referência. Essas operadoras geralmente também vão ser as mais caras, mas vale a pena checar as informações da agência, o histórico dos passeios. Sabendo que muitas das vezes é mais caro, porque envolve custo das empresas em se manter legal e em dia com todas as taxas e fiscalizações”, explica Carol.
Para Lucas, turismólogo e professor também na área, é importente falar sobre planejamento. Não só nas atividades turísticas, como do próprio destino. “Na maioria das vezes é uma área muito negligenciada. Existem pessoas que pensam: ‘qualquer um pode operar uma trilha, é algo simples’. E, em verdade, são ignorarados uma série de riscos. Nesse sentido, uma dica importante no Brasil é o Cadastur, um cadastro organizado pelo Ministério do Turismo. Todos os profissionais e empresas de turismo precisam ter esse cadastro; e apenas guias de turismo que fizeram uma formação possuem ele. Se você de antemão faz esse estudo, minimiza as chances de risco antes mesmo da viagem. E no destino, deve existir alguma forma de verificar se existe algum cadastramento, alguma forma de garantir que aquela pessoa tem habilidade técnica, certificações, para conduzir aquele tipo de atividade. Do contrário, não tendo, por mais que a experiência seja atrativa, encantadora, a recomendação é não fazer. E a gente recomenda sempre que toda viagem, em especial para o exterior, seja coberta com seguro-viagem. Maioria dos países não possui um sistema de saúde pública como o nosso; e a pessoa pode ter um acidente e não ser atendida”, completa Lucas.