Mestre muso: os desafios de Fafá à frente da bateria da Grande Rio
Fabrício Machado está no cargo desde 2018

No cargo de mestre de bateria, no qual precisa disputar holofotes com beldades coroadas rainhas de seus ritmistas, Fabrício Machado, 34 anos, conhecido no mundo carnavalesco como Fafá, tem seu método para atrair olhares. Mais novo dentre os demais colegas de profissão, não esconde sua vaidade. Solteiro, volta e meia chamam-no de “mestre muso”. Filho do ex-mestre Du Gás, começou como ritmista da Pimpolhos, agremiação mirim da Grande Rio, aos 13 anos. Na escola principal, alcançou o posto de comandante da bateria em 2019. Sua próxima missão é ingrata: criar um vínculo tão bom com a rainha que ainda será escolhida, quanto o que mantém com Paolla Oliveira, quem chama de “irmã mais velha”. Mesmo perdendo dois décimos no julgamento final, ele não perde a compostura. Em conversa com a coluna GENTE, ele fala dos desafios em importante cargo no mundo do samba.
Como começou a relação com a Grande Rio? Fui formado dentro da escola. Comecei desfilando na escola mirim, Pimpolhos, em 2003 e na Grande Rio em 2005. Depois, na Pimpolhos fui diretor de musical, ritmista, diretor de bateria, até ser mestre na Pimpões, cargo que ocupei por 7 anos. Na Grande Rio fui ritmista de 2005 a 2013. De 2013 para 2014 me tornei diretor de bateria. Função que exerci até 2018. De 2018 até agora, 2025, me tornei mestre. Minha família toda é ligada à Grande Rio. Meu pai foi mestre, minha mãe tocou tamborim. Meu irmão hoje é diretor de bateria comigo.
Entre os mestres de bateria que estão hoje no Grupo Especial, você se destaca por ser um dos mais novos. Há peso nisso? Me sinto muito honrado de estar ao lado de grandes mestres do carnaval, como Ciça, Marcão, Casagrande. São mestres bateria de uma qualidade absurda. Também fico feliz em saber que tem uma geração de outros mestres, que começaram ali na minha época, e são aposta das escolas. Quando surgi, fui jogado praticamente ao meio dos leões. Só tinha fera brava no Carnaval, e era engraçado, porque a maioria dos caras que hoje chamo de colegas, eram ritmistas deles.
Algumas pessoas te chamam de mestre muso. Você é vaidoso? Sou. Sempre me cuidei, não bebo, não fumo, gosto de praticar esporte, de estar bem fisicamente. Gosto de estar bem vestido, perfumado, e acabou que calhou isso… As pessoas têm uma visão de que o sambista é largado, né? Sou totalmente ao contrário, gosto de estar arrumado, perfumado, e acabou tendo essa história de muso, mas não tem nada disso, sou só mais um no meio da multidão.
Esse ano a Paolla se despede do posto de rainha. Como fica a relação entre vocês? A gente criou uma conexão de irmãos. Ela é uma irmã mais velha para mim. A gente se comunica bem, sempre teve um respeito muito grande. A gente troca muita ideia. Às vezes, desabafo coisas pessoais com ela. Inclusive, pretendo fazer uma faculdade de fisioterapia e ela é uma das minhas maiores incentivadoras. O maior perrengue junto na Sapucaí foi ano passado, desfilei bem mal, diagnosticado com dengue Ela me carregou no desfile, me pegou e falou: “Cara, vamos”. E foi me dando energia.
Como você impõe respeito aos ritmistas? Tem uma frase que é: liderar não é impor, é despertar nos outros a vontade de fazer. A gente sempre tenta despertar isso nas pessoas, para quererem fazer aquilo, estar ali naquele momento. Realmente se tornou uma família.
