Lúcio Mauro Filho fala de críticas ao bolsonarista Wallace, do vôlei
Ator, que interpretou Tuco, conversa com a coluna sobre uma possível adaptação de ‘A Grande Família’

Lúcio Mauro Filho, 48 anos, conversou com a coluna durante o lançamento do livro O Avesso do Bordado, biografia de Marco Nanini. Atualmente, Lucinho, tem projetos voltados para música – com a banda no Caldeirão e com o parceiro Pedro Baby; cinema – com o filme Compro Likes; e teatro – com uma peça para o final do ano. Ele faz questão de frisar o quanto de carinho que guarda pela A Grande Família, produção da Globo em que interpretou Tuco.
Você recebe muito carinho ainda pela Grande Família? É uma coisa que ficou na nossa história, é gostoso. Poucos vivenciam uma situação, que é passar 13 anos interpretando o mesmo personagem, num produto de altíssima qualidade e de altíssima popularidade. Nós fomos reunidos para fazer oito episódios, era só isso, uma homenagem aos 25 anos da Grande Família original.
Foi ousado ficar tanto tempo no ar, não? Se você comentasse com qualquer diretor da empresa: ‘Olha, nós vamos segurar o (Marco) Nanini e a Marieta (Severo) num produto de 13 anos’… não deixamos nem começar! É motivo de muito orgulho, eu serei eternamente Tuco. Eu estava agora em Orlando, viajando com as crianças, não tinha um lugar que eu não chegasse e me chamassem de Tuco. A Grande Família é um fenômeno do streaming. A sensação é que a gente ainda está no ar.
Faria um episódio especial? Acho que um episódio especial não, talvez um filme. Porque quando a gente fez o filme A Grande Família estava no ar… Então aquilo foi desnecessário enquanto o produto de audiovisual, né? Hoje em dia existe uma saudade. Seria um fenômeno que valeria a pena o esforço (ter o filme atualmente). Para televisão eu acho que o barato seria uma nova Grande Família.
Como imagina? Uma Grande Família preta. Porque o preto dos anos 70 é totalmente diferente do preto de 2023. A comunidade ascendeu socialmente, ainda falta muito, mas ter uma família negra fazendo A Grande Família ia trazer várias questões que são do agora. A Grande Família falou sobre o seu tempo, sobre ascensão de uma classe média, que teve um pouquinho mais de grana para reformar a casa, para pensar numa vida melhor. Nesse sentido, que grupo social melhor do que os negros brasileiros para suscitarem uma discussão super bem-vinda?
Como é participar enquanto músico do programa do Marcos Mion? É muito divertido. E minha relação com a música é de muito tempo, mas sempre pelos bastidores. Aaí veio esse convite inusitado e bem naquele momento de finalzinho de pandemia, quando fazia live quase diariamente tocando violão. Boninho estava sempre nas lives, às vezes três horas da manhã, pedindo música. Eu falava: ‘Caralho, Boninho são três da manhã!’.
Há outros planos para 2023? Eu fiz O Jogo, do José Júnior, seriado que conta o começo da rivalidade entre as facções criminosas que hoje comandam não só o Rio de Janeiro, mas o tráfico de drogas no Brasil. Ao mesmo tempo, estou com a minha banda e Pedro Baby, Um Manifesto Tropical, fazendo shows por todo o Brasil. É bacana porque dá para conciliar tudo. No meio do ano começo a ensaiar um espetáculo com Bruno Mazzeo, projeto anterior à pandemia, que foi interrompido. A ideia é começar a ensaiar em julho e estrear no final do segundo semestre em São Paulo e depois vir para o Rio.
Recentemente você comentou sobre um post do Wallace, jogador do vôlei e bolsonarista, que desejou a morte do presidente Lula. Como acabar com o ódio da polarização? Uma coisa é você não concordar com um político, com uma política que está sendo executada, outra coisa bem diferente é brincar com morte. Aí não tem piada que funcione. É o risco que um comediante corre. Tem outros assuntos para se fazer graça, igualmente polêmicos, se a vontade é ser polêmico. Mas desejar a morte é uma linha que não se deve ultrapassar. É um lugar que eu tenho respeito.