Ivanir dos Santos sobre 13 de maio: ‘A elite precisa pensar em reparação’
Esta segunda-feira, 13, marca os 136 anos de assinatura da Lei Áurea

O babalawô Ivanir dos Santos, doutor em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), falou com a coluna GENTE sobre o 13 de maio, que marca a assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel, que ocupava então a Regência do Império do Brasil. Para ele, é preciso reparação histórica.
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“Temos no Brasil uma abolição inacabada. Isso é cada vez mais visível na sociedade brasileira. Há o 13 de maio e, na verdade, a maioria dos escravizados já não eram escravizados (na assinatura da abolição). E não teve nenhum projeto político, social e econômico para a nossa comunidade. Não teve escola, não teve reforma agrária, tudo aquilo que poderia inserir o negro na sociedade brasileira, como cidadãos. Tivemos uma república construída em bases eugenistas, de exclusão, de criminalização das nossas culturas, da nossa prática. Se todo mundo é criminoso, então não há responsabilidade. Precisamos olhar o 13 maio na perspectiva de reparações. As elites brasileiras precisam pensar na reparação. Afinal de contas, o motor da economia do Brasil, por três séculos e meio, foi o tráfico negreiro, mão de obra escravizada”.